terça-feira, 17 de março de 2015

SEI QUE VOCÊ FEZ OS SEUS CASTELOS!

Ainda estamos em março, então posso continuar escrevendo sobre a presença das mulheres no mercado de trabalho, na composição do consumo, na transformação da atitude social. Não é só nos Estados Unidos que essas características estão em foco. Aqui no Brasil -  tem gente jovem, muito atenta e envolvida nessas questões.

Como se transforma o mundo? Olhando e aprendendo sobre ele e sobre nós mesmos. Foi isso o que me chamou a atenção na apresentação da jornalista Carolina Sandler, do site Finanças Femininas (clique aqui). 

Por que os dados que ela coleciona são importantes? Mulheres têm participação cada vez mais significativa na Economia e mulheres, estatisticamente, vivem mais do que os homens. Há condições melhores para essas conquistas? Essa é uma questão paradoxal para responder. Há, mas o preço que se paga por elas é muito alto, muito caro.

Carolina Sandler, que se dedica a estudar esse movimento explica os principais elementos que se articulam na complexidade deste perfil. A selfie, o retrato da mulher atual mostra, em primeiro lugar, a sobreposição de atividades, sem ajuda extraordinária. Em média, uma mulher empenha 23 horas semanais nas tarefas domésticas - casa, filhos, marido - cumulativamente ao trabalho formal. Um homem empenha 5 horas semanais.

No trabalho, sim, elas estão se superado. Só que as promoções de carreira, para homens, são baseadas na promessa de resultado - é a ideia do pós-pago. Para as mulheres, na demonstração cumulativa de resultados - ou seja, pré-pago. Em média, mulheres têm um ano e meio a mais de estudos, comparadas aos homens. E o salário, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda é em média 30% menor.

Outros dados relevantes podem ajudar a reposicionar leituras sexistas, do tipo: mulher é consumista. Menos casamentos e mais divórcios, atualmente, fazem com que 40% das brasileiras sejam responsáveis por domicílios no país Ou seja: 40% ganham mais do que o marido ou não têm marido em casa. 80% a 90% das decisões de compra de família são tomadas pelas mulheres.

Quando acordou, a princesa entendeu que podia ser rainha e ganhar o jogo

É óbvio que há mudança. Mas é óbvio que as resistências para as mudanças são comportamentais, baseadas em uma cultura medieval. Sim, porque foi durante o Medievalismo que a união conjugal baseada em amor substituiu a união baseada em dote. As uniões passaram a ser baseadas em uma ideia de proteção, defesa e cuidado masculino em troca da submissão feminina. 

Há uma supervalorização do papel dos homens na condução das finanças. E o mundo financeiro atual é predominantemente masculino. Em contrapartida, a mulher ainda alimenta a expectativa de que alguém (pai, príncipe encantado, marido, irmão) assuma as responsabilidades de sua vida financeira. Daí os tabus! Afinal a sociedade alimenta a fábula do "marido bom é provedor; a mulher não se preocupa com dinheiro".

Com a terceirização da responsabilidade de cuidar das questões financeiras, a mulher abre mão do empoderamento, conquistado por meio da autonomia e da liberdade de escolha. Mais do que isso! E aí entramos em um terreno muito pantanoso: 40% das mulheres não investem nada do que ganham. Com isso, perdem poder de compra no longo prazo! 75% não entendem de investimentos. E deixam de fazer o dinheiro trabalhar a favor de si. Não sabem como ganhar mais, gastar melhor, poupar para o futuro.

A princesa vive para sempre

Fato! Mulheres vivem mais do que homens. E vivem cada vez mais, porque a longevidade global aumenta a passos largos. Agora, a questão é: elas viverão FELIZES para sempre? Bom, as evidências indicam que, quando elas recuperam o empoderamento por meio do conhecimento, da Educação Financeira, e adotam comportamentos mais sustentáveis e previdentes, sim!

O que todos esses dados mostram para quem trabalha com Comunicação e Educação Previdenciária e está cada vez mais em busca de soluções em comunicação dirigida, em estímulo à influência? Há muito o que se fazer!

Mudar linguagem, mudar mensagem, criar ambientes comunicacionais que favoreçam o despertar do interesse e a emancipação são só os primeiros passos para atrair e familiarizar esse público. A mudança de comportamento para atingir o empoderamento é - sim - o próximo nível do jogo. O choque de lucidez só vai acontecer quando houver uma releitura, uma reinterpretação das fábulas econômicas e dos papéis sociais.

Para quem quiser assistir à palestra de Carolina Sandler à FIESP, deixo aqui o vídeo. Quem quiser mais estatísticas sobre o processo de equiparação salarial entre mulheres e homens, clique aqui.


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