sábado, 5 de maio de 2012

JORGINHO PERDEU AS CONTAS!


Bela reflexão de Clarice Lispector: "Viver ultrapassa todo o entendimento". Assim como a Matemática tem imprecisões, a Literatura pode ser muito precisa. O tema do post hoje é mitos. Aqueles fabricados, aqueles nos quais a gente, sem perceber acredita, porque a ideia tem um glamour irresistível. Vou falar de uma combinação própria das décadas de 1960 e 1970, período em que o mundo enfrentava,  na vida real, o trauma das grandes guerras, a ação nefasta da bomba atômica. Naquela época, o cinema e os demais meios de comunicação propuseram às pessoas três sonhos, ou três mitos:


- Sem destino (Easy Rider)
- Totalmente selvagem 
- Eternamente jovem


Morrer jovem era natural e, de certa forma, midiático. James Dean, Marilyn Monroe, Elvis Presley, Jimmy Hendrix, Jim Morrison... Lista mórbida, mas que confirma o mito e as estatísticas. Não foi por acaso que, nessa época os fundos de pensão começaram a ser constituídos.


Mais estranho que a ficção


A história de hoje é de um personagem real. Brasileiro nasceu em 1916, herdeiro muito rico, que decidiu viver de acordo com os mitos de seu tempo e, segundo a lenda, parece que nunca trabalhou na vida. Esbanjou até a última moeda com festas luxuosas e tudo o que mortais consideram excessos. Ostentava e sustentava também a companhia de celebridades internacionais: Marilyn Monroe, Hedy Lamarr, Rita Hayworth, Romy Schneider, Kin Novak, Ava Gardner, Sunan Hayward, Jayne Mansfield, Marlene Dietrich e Janet Leigh.


Muito próximo dos grandes mitos, Jorge Guinle projetou mal o tempo da própria vida. Há boatos de que ele estimava morrer aos 70 anos, época em que a fortuna acabou. Jorginho viveu até os 88 anos. Precisou morar de favor e vivia com uma pensão de R$ 1.500,00 paga pelo INSS. Difícil de acreditar! (para saber mais, clique aqui).


Bem, não vou fazer juízo de valor. Só sei que, pelas perspectivas reencarnacionista e previdenciária, a tal fortuna de R$ 100 milhões que ele gastou em 70 anos, administrada de outra forma, poderia garantir a boa vida do cidadão por - no mínimo - algumas vidas. Para aqueles que não acreditam no reencarnacionismo, então, somente pela perspectiva previdenciária, a fortuna de Jorginho poderia continuar protegendo e favorecendo seus herdeiros por várias gerações.
Claro! São projeções matemáticas, financeiras e estatísticas que dizem o quanto a fortuna poderia render e durar. O cálculo - mera especulação - pode variar muito, porque depende de algumas premissas. Entretanto, você deve estar se perguntando: o que toda essa história tem a ver com você, cara pálida?


Você nasceu numa época em que as pessoas não queriam mais morrer. Isso significa que, graças aos avanços da Medicina e outras áreas do conhecimento, seu filho vai viver até os 150 anos, no mínimo, e você - fácil, fácil - ultrapassa os 100! Então pense e faça os cálculos! Só o INSS dá conta do tempo que você vai ficar ocioso depois dos 60? Tem uma última historinha: Clint Eastwood, pai depois dos 50 anos, maravilhoso e trabalhando muito depois dos 80 anos de idade, disse que - em seu dicionário pessoal - a palavra aposentadoria não existe! Viva Clint Radical Eastwood! Viva os mitos que produzimos como padrões do século 21! Forever alive!

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