quarta-feira, 3 de julho de 2013

COMUNICAÇÃO: DE DESEMPENHO INDIVIDUAL A CAUSA SOCIAL

2013: o Brasil jamais será o mesmo. Talvez a escala seja ainda maior. Mas tudo começa no indivíduo, que reassumiu o protagonismo de sua própria história, a expressão de suas próprias causas. E, nesse movimento, há recados para todos nós, porque tudo foi uma construção contínua, lenta e gradual: de desdentado e descamisado despossuído a consumidor emergente, com Código de Defesa, com Serviço de Atendimento. Não, nada é novidade! As esferas pública e privada deixaram claro o que interessava no relacionamento: o dinheiro. O povo aprendeu. Não são os R$ 0,20!

Néstor Garcia Canclini, Jésus-Martin Barbero, Octávio Ianni, Renato Janine Ribeiro, Milton Santos e tantos outros estudiosos se debruçaram sobre os temas exercício de cidadania e Comunicação de massa, antecipando como previsão o comportamento que tanto confunde quem, até então, tratou com indiferença a diferença brutal que a nossa cultura mantém escancarada. Termino de ler, via redes sociais, uma reflexão brilhante e lúcida de Leonardo Boff que, como poucos, conseguem transitar com muita fluência entre o local, o global e projetar para o universal o potencial em escala de nossas atitudes (clique aqui).

Antes de mais nada, importa reconhecer que é o primeiro grande evento, fruto de uma nova fase da comunicação humana, esta totalmente aberta, de uma democracia em grau zero que se expressa pelas redes sociais. Cada cidadão pode sair do anonimato, dizer sua palavra, encontrar seus interlocutores, organizar grupos e encontros, formular uma bandeira e sair à rua. De repente, formam-se redes de redes que movimentam milhares de pessoas para além dos limites do espaço e do tempo. Esse fenômeno precisa ser analisado de forma acurada porque pode representar um salto civilizatório que definirá um rumo novo à história, não só de um país mas de toda a humanidade. As manifestações do Brasil provocaram manifestações de solidariedade em dezenas e dezenas de outras cidades no mundo, especialmente na Europa. De repente o Brasil não é mais só dos brasileiros. É uma porção da humanidade que se identifica como espécie, numa mesma Casa Comum, ao redor de causas coletivas e universais.
Protagonismo e participação

As PESSOAS - responsabilizadas permanentemente pela má gestão pública - afinal, a corrupção era um reflexo simplista das escolhas equivocadas nas urnas e não da máfia constituída em ação em qualquer ambiente - demonstraram que entendem muito bem os bastidores da gestão e mandaram o recado:

- o ganha-ganha tem que ser de todos, favorecer todos, no mínimo, com equidade;
- existe, sim, uma escala de prioridades e o bem-estar social depende do respeito a tábua de necessidades;
- a política global é relevante, depois de a própria casa estar arrumada.


Sem retórica. Simples assim! Uma lição de gestão pública. Excessos, como apontam algumas análises, são perfeitamente compreensíveis quando se tolera por muito tempo as expropriações ilícitas de bens de todas as ordens: consumo, direito, simbólico, cultural.

Educação: o jogo é outro!

Penso que tanto para Comunicação quanto para 
Educação acabou o "goela abaixo". Quem insistir no formato estará correndo o risco de colocar tudo a perder: o conteúdo, o relacionamento, o potencial de vínculo de cada interlocutor (ou aluno). O diálogo, para ser legítimo, terá de encontrar formatos comuns. Portanto, especialmente para serviços financeiros, há que se encontrar soluções de vocabulário, de imaginário, de recursos pedagógicos. Lembro que - desde 2009 - eu falo dos jogos eletrônicos que podem oferecer experiência de uso, ao invés de simulação eletrônica, que oferecem cálculos matemático-financeiros.

Para não me prolongar muito, quero encerrar esse post com um vídeo do Itaú. Gosto das campanhas institucionais com o mote "change the world". Mas prefiro um outro trabalho de Comunicação do banco que usa o futebol para chamar a atenção sobre o efeito restritivo do vocabulário técnico sobre o imaginário e - consequentemente - sobre a compreensão do serviço. 

A instituição ousa e aproveita a autocrítica para construir uma proposta de aproximação, de desmistificação, de relacionamento com o cliente. A simplificação é fundamental para a abertura de espaço ao diálogo e à interação. É recurso tático que, em escala, se transforma em estratégia para a longevidade do negócio.



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