sábado, 2 de julho de 2016

MEDO, RAIVA, FELICIDADE, INTELIGÊNCIA: O QUE MOTIVA AS SUAS ESCOLHAS?

Tempos de incertezas. Tempos de violência. Dois posts publicados pelo professor Samy Dana (FGV/SP) me fizeram refletir sobre duas questões que são reações imediatas às incertezas e à violência: o medo e a raiva.

Faces da mesma moeda, o medo e a raiva são complementares e impulsos para o ataque. Impulsos são diferentes de razões. E de forma diferentes, impulsos e razões desencadeiam ações. Ações movidas por impulsos têm grandes probabilidades de se transformarem em arrependimentos. Ações movidas por razões têm probabilidades de se transformarem em satisfação.


Samy Dana escreveu sobre raiva no post Anúncio do Reclame Aqui mostra que queremos vingança, doa a quem doer. A raiva cega e cria um estado de alerta para o ataque. Uga, guerra! Ao vencedor, o isolamento.



O que me chama a atenção são os estudos que mostram como o ser humano ainda é refém de suas emoções básicas. Nossos instrumentos para decisões ainda estão no reduto do arqueocórtex e do paleocórtex e ainda vão demorar a se valerem daquilo que o neocórtex pode nos oferecer. Em outras palavras, uma sociedade que resiste a amadurecer e evoluir sofre por seu posicionamento juvenil inconsequente.

O outro post é Não use a crise e o desemprego para amedrontar seus funcionários.  A insegurança extermina com as motivações mais criativas. Coloca todo o ser em estado de defesa e fuga. Uga, guerra! Ao vencedor, o isolamento.



Raiva e medo: é interessante pensar como essas duas emoções nos distanciam daquilo que mais desejamos: a felicidade, curiosamente outra emoção que ressignifica permanentemente, justifica e legitima senão todas, a maior parte de nossas ações.


Tenho visto, aqui e ali, alguns sinais que sugerem a felicidade como uma grande força motivacional no século 21. Quem é feliz produz mais. Quem é feliz trata melhor a si e ao mundo. E existem respostas que vão além do Prozac! Porque a felicidade é relacional. Baby! "É impossível ser feliz sozinho".

A Psicologia Positiva pode ser uma chave para os mistérios sobre aumentar a felicidade das pessoas.A Filosofia pode complementar esse repertório sobre felicidade, porque o conceito de felicidade, como tudo, muda. Não é sem motivo que os professores Leandro Karnal e Clóvis de Barros Filho lançaram este ano o livro Felicidade ou Morte. Deste livro, destacamos o trecho a seguir:

"E parece que nós escrevemos e pensamos sobre ética e neste momento no Brasil, e também sobre felicidade, exatamente porque há uma falta ou uma percepção de falta generalizada. Obviamente, a felicidade e sua ausência foram definidas em cada época de uma forma, mas o mais curioso é que nem todas as épocas colocaram a felicidade a ser atingida. Uma vida eficaz, razoavelmente equilibrada, sem grandes saltos positivos ou negativos, voltada à reflexão, por exemplo, era uma pretensão romântica, acima de tudo. O ato de sorrir, durante o chamado período do primeiro Romantismo, seria algo considerado de mau gosto. Ser blasé era elegante, algo que distiguia os nobres das pessoas simples. Quando Frans Hals pinta no Barroco holandês pessoas sorrindo e bebendo cerveja, conta de uma felicidade burguesa que a aristocracia vê com certa desconfiança - "coisa de burgueses". Diríamos hoje, talvez, leitura mais "popular" da felicidade. Para os aristocratas, a burguesia fazia "churrasco na laje".

Qual é a sua escolha?

Acho importante conhecer e refletir sobre essas emoções. Porque quem trabalha com Comunicação e Educação Previdenciária produz conteúdo para influenciar PESSOAS. Neste processo, existem escolhas que desencadeiam emoções. 

Durante muito tempo e ainda hoje, fizemos mensagens sustentadas pelo medo e pela raiva (pelo risco de invalidez,  morte, longevidade, desemprego, desamparo, dependência).

A gente sabe que a escolha e o sentimento pode ser outro quando se acredita nos resultados de uma inteligência coletiva e colaborativa. Estamos vivendo uma realidade nova todos os dias. Vamos trocar o tacape pelos resultados em escala (que só acontecem em razão de uma decisão coletiva). Vamos trocar o medo e a raiva pela inteligência da proteção aos riscos previsíveis. Porque a vida é cheia de riscos. E porque também podemos ser felizes, melhores e mais fortes encarando e vivendo os riscos imprevisíveis.


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