terça-feira, 29 de agosto de 2017

50+ TONS DA COMUNICAÇÃO EM PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

Trabalho com Comunicação com foco em Previdência Complementar desde 1991. Faz tempo! E vejo esse tempo como uma vantagem extraordinária. Porque permitiu que eu acompanhasse muitos movimentos que a Previdência Complementar fez para se adaptar a estatizações - e portanto aos modelos de plano CD e adesão facultativa. Planos Instituídos. Planos com Perfis de Investimento. 
Estava lendo a entrevista - O abandono da ótica do Medo - de Renato Meirelles à Revista da Previdência Complementar. Para quem não sabe, Renato Meirelles é uma autoridade. Um trecho da matéria explica:


"[...]presidente do Instituto Locomotiva, que apresentou o estudo Brasil Maduro no último Encontro Nacional de Comunicação e Relacionamento com o Participante realizado pela ABRAPP. Fundador e presidente do Data Favela e do Data Popular, onde conduziu diversos estudos sobre o comportamento do consumidor emergente brasileiro, Renato fez parte da comissão que estudou a Nova Classe Média Brasileira, na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República". 
Eu não vou repetir a entrevista aqui, mas quero comentar um aspecto. Renato Meirelles chama a atenção para a geração 50+, que ele chama de Gray Power, e a inabilidade dos comunicadores para lidar com ela. 50+ significa: pessoas acima de 50 anos, escolarizadas, e que deverá movimentar R$ 1,5 trilhão na economia.


Mais do que o uso inadequado de estereótipos, a crítica de Renato Meirelles evidencia o uso do medo como estratégia de abordagem das PESSOAS, para que ela faça a adesão a um plano previdenciário.

A técnica foi realmente muito comum. E ainda é usada, mostrando a relação risco/desamparo, causa/consequência do adiamento da decisão. Lembrou aí, Cara Pálida, dessa prática? Bom, mas não é só isso. A geração de comunicadores pós 2008 - muito em razão dos programas de Educação Previdenciára -  substituiu a ameaça e passou a encontrar formas atraentes para oferecer um futuro mais sorridente a participantes potenciais. 
Mas concordo com a crítica! Em geral, a Comunicação Previdenciária tem um salto, um hiato de representação entre 30+ e 60+, curiosamente a faixa etária que me representa e também a muitos profissionais da minha geração e que estão na ativa, trabalhando para fazer mais e melhor.
"Estamos falando de um Brasil onde nascem cada vez menos pessoas e as pessoas vivem mais e que, portanto, registra mudança da faixa da parcela da população brasileira de 60 anos. Ela vai dobrar em uma geração. E isso coloca para o país um conjunto de desafios: que país os jovens de hoje querem viver no futuro? Estamos conseguindo ou não construir um país que seja aberto à população mais envelhecida e que vai viver mais tempo?" Renato Meirelles
A resposta parcial que eu tenho para esse questionamento tão objetivo é: ainda não. Porque os desafios sobre os quais eu penso são maiores até do que a Previdência Complementar. Incluem políticas públicas de respeito e assistência à saúde, inclusão social, acesso ao mercado de trabalho, acesso a cultura e educação, transporte público e trânsito mais humano [na cidade e nas estradas]. Porque, Cara Pálida, a "melhor idade" já é! E uma experiência em massa. Oi? É.

"Olha, eu acho que muitas vezes a comunicação é muito técnica e baseada no pavor, no medo. O que você vai fazer quando envelhecer? O que você vai fazer se não tiver mais trabalho? E talvez fosse mais adequada uma abordagem com viés mais positivo, algo como 'se preocupe em viver' [...]Mostrar o quanto ter segurança financeira abre portas, em vez do princípio lógico do medo, pode ser um caminho interessante de abordagem". Renato Meirelles

Sobre essa perspectiva, vou um pouco mais longe. Acho que parte desse medo também revela rejeição à idade. Tem gente que rejeita a idade, como se pudesse ficar imune ao envelhecimento. Bom, acho que isso é mais uma forma de preconceito que tem nome - etarismo. E como todo o preconceito, precisa ser superado. Depois, é uma forma de rejeitar o trabalho que as soluções exigem. E tem muito trabalho pela frente!

E se tem alguma coisa nova no horizonte é esse olhar atento do mercado para criar expressões além da fragilidade (velho desamparado) e do forever young (velho com piercing e tatuagem). A gente pode fazer melhor, porque diversidade é uma busca permanente de expressões que representem com propriedade a multiplicidade de possibilidades das PESSOAS. 

E comunicador encara esses desafios por modinha?
Claro que não! Comunicador encara esses desafios porque está em seu DNA estabelecer conexões significativas em escala. Comunicador está comprometido com os resultados institucionais estratégicos. Comunicador tem sempre um caso de amor com Educação e aí está o salto qualitativo dessa história: a transformação de comportamento.

50+ variações da mensagem meta tímida para quem pensa em muuuuuuitas PESSOAS. E por quais motivos ainda não nos expressamos assim? Porque ainda precisamos conquistar posicionamento e alinhamento. As soluções de Comunicação precisam ser reconhecidas, legitimadas, aprovadas e depois divulgadas com essa visão comum, compartilhada, endossada.

Falta alguma coisa para fechar esse post? Acho que falar sobre novas atitudes. Elas são determinantes para que tudo mude. As palavras, as cores, os comportamentos.  As atitudes mudam os protocolos. Tornam as relações mais objetivas, sustentadas por fatos. 

Eu tenho certeza que a gente vai ganhar esse jogo, ainda que  o horizonte não seja muito claro aqui e agora. Nesses momentos críticos, é sempre bom lembrar que, há muito tempo, a gente deu essa largada e partiu na aventura de criar o futuro todos os dias.

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