sexta-feira, 21 de junho de 2013

PALAVRAS FAZEM TODA DIFERENÇA

"Quando a gente gosta é claro que a gente cuida". Lembra desse verso do Peninha que o Caetano Veloso transformou em hit? A palavra mais importante nessa pequena ideia é "cuida". Porque traz, a reboque, o sentido de perpetuidade. O longo prazo, o "para sempre" em qualquer circunstância.
Quem me conhece sabe o quanto eu costumo reagir ao efeito das palavras. Algumas parecem sequestrar meus pensamentos e só devolvem quando eu pago o resgate: uma reflexão mais ampla, com contextos e conteúdos ressignificados.
Porque hoje é sexta-feira, vou simplificar as coisas. A adesão a plano de Previdência Complementar no Brasil, por lei, tornou-se facultativa em 2001. Essa decisão, sem dúvida, tornou mais complexo o processo de convencimento das PESSOAS sobre as vantagens de um planejamento sustentável de vida, porque as PESSOAS - especialmente as mais jovens que estão ingressando no mercado de trabalho - têm outras prioridades de consumo e, principalmente, ainda não têm uma cultura previdenciária.

E aí, cara pálida, sei que você está se perguntando: qual é a novidade? Isso todo operador de Previdência Complementar sabe! Tem toda razão. O que talvez nem todo operador de Previdência Complementar não saiba é que está em movimento uma mudança.
Por enquanto eu não sei dizer se será atualização da lei. Essa parte jurídica é muito técnica eu não consegui reter, quando ouvi. O que eu entendi: a mudança da palavra. De: adesão facultativa, para: inscrição simplificadaO que significa? Não troca seis por meia dúzia? Não. Significa que - ao ser contratado - o trabalhador é automaticamente inscrito no plano previdenciário. E, a qualquer tempo, ele pode "pedir para sair". Hoje, ao ser contratado, ele tem que decidir imediatamente se quer ou não aderir ao plano previdenciário. Teremos, na prática, um artifício para facilitar uma adesão que, na teoria, deveria ser espontânea. 

Para ter uma ideia mais profunda sobre o que estou refletindo, a matéria Reforma do sistema britânico: da adesão automática às contas de CD de baixo custo, publicada pela Revista Fundo de Pensão 384, pode dar uma ideia melhor e ser uma referência relevante.

Qual é o problema?


O problema é a lei mudar a palavra isoladamente. A mudança tem que ser sustentada - no mínimo - pelo fomento da cultura previdenciária, até em razão do risco futuro de judicialização. Sou a favor de compartilhar responsabilidades. Sou radicalmente contra retórica. Mas, para a manutenção e o fortalecimento dos Programas de Educação Previdenciária em andamento e que estão tendo sucesso, é fundamental que as mudanças contemplem esse trabalho que só começou a ser construído e que, sem dúvida, precisa evoluir.

Como eu vejo a evolução? Quando as PESSOAS fizerem a adesão percebendo e legitimando o valor social daquela decisão. Quando o valor social se transformar em indicador de resultado. 

O valor econômico é mais imediato e fácil de entender. O valor social depende de um repertório individual sobre o coletivo, sobre a cidadania. É educação, evidentemente! E, em geral, exige um pouco mais de tempo, de longo prazo, de cuidado para ser constituído. Somos agentes de transformação social, não é mesmo? Então temos que buscar sustentabilidade e condições cada vez melhores para que nossa ação se multiplique e apresente resultados cada vez mais efetivos, cada vez mais profundamente simbólicos.

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