quarta-feira, 25 de junho de 2014

O TEMPO É ELÁSTICO. O DINHEIRO, NÃO!

O tempo está passando para todo mundo. Quem, como eu, era fã do Sting com um shape juvenil, agora tem que se adaptar com o Sir Sting no formato 60+. Ele tem 62 anos de idade, é um homem rico, com patrimônio estimado em R$ 680 milhões e um estilo de vida bastante perdulário. Sting declarou que pretende gastar o dinheiro com sua segunda esposa e não deixar herança para seus seis filhos (clique aqui). 

Especulações à parte, o que me chama a atenção sobre essa declaração é a consciência sobre construção, consumo e destinação de patrimônio, além da lição sobre Educação Financeira. Óbvio! Se ele começou sua fortuna com £ 10, ele está apostando na capacidade dos filhos para fazer a mesma proeza em condições provavelmente mais favoráveis. 

O sr. Sting certamente não pretende se enquadrar nas estatísticas de violência financeira contra idosos (clique aqui). Mas definitivamente contribuirá para aumentar a qualidade do Better Life Index da OCDE (clique aqui).

INSS e Complementar não bastam!

A longevidade está criando uma verdadeira turbulência para as projeções de matemáticos, atuários, economistas, arquitetos financeiros. Porque os cálculos estão mostrando que a composição da renda na aposentadoria - formada pela contribuição obrigatória ao INSS para trabalhadores formais MAIS a contribuição facultativa à Previdência Complementar - só atingem 35% das necessidades expandidas pelo ganho de tempo de vida.

O problema não é só do Brasil, mas aqui ele se agrava. Para se ter uma ideia, na década de 1970, o teto da aposentadoria paga pelo INSS chegava a vinte salários mínimos*. Hoje, caiu para seis. Esse achatamento tem muitas explicações. Entre elas, a contribuição desigual** entre trabalhadores urbanos e rurais, mais a longevidade. 

Ouso interpretar a decisão de Sting. Ele descobriu que o tempo é elástico. O dinheiro, não! E tem outro detalhe: Sting ainda não decretou aposentadoria, mas continua no mercado, trabalhando para aumentar o seu patrimônio que deverá custear a vida de queima de renda que tem, especialmente quando forem encerradas as atividades próprias de sua carreira profissional.

Tem uma outra ideia que me ocorre, baseada nessa história toda. Apesar da prole numerosa - seis filhos, uma esposa e uma ex-esposa - parece que Sting não mistura dinheiro com sentimento. Daí as lições de Educação Financeira (construção disciplinada do patrimônio e resistência a chantagem emocional) são tão claras.

Vale lembrar que nas estatísticas sobre violência financeira contra idosos o maior apelo ao endividamento é emocional. E o consumo é muito baseado na ambiguidade e distorção de conceitos que entende a expressão da afetividade por meio de bens. Sting mostra que não é vulnerável e é mais esperto do que a pegadinha!

Fontes consultadas:

* "O grande propagandista da Previdência Privada é o INSS", entrevista com Renato Follador, publicada na Revista Fundos de Pensão nº 390
** "A importância que o governo dá aos Fundos de Pensão é absolutamente inquestionável", entrevista com Garibaldi Alves Filho, publicada na Revista Fundos de Pensão nº 392

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