sexta-feira, 29 de agosto de 2014

TEMPO DE APRENDER


O ser humano tem aversão a risco. E, em geral, está mais exposto a risco do que imagina. As manifestações racistas da torcida gaúcha esta semana tiveram as dimensões devidamente ampliadas por causa da convergência entre as ações espontâneas nas redes sociais permanentemente monitoradas pelos canais de televisão. Resultado: a revelação de ausência de valores que - além de crise de imagem - acarretou perda de emprego e retaliação nas redes sociais. A torcedora precisou excluir perfil do Facebook (clique aqui).



Os olhos implacáveis do Big Brother

Durante a cerimônia de velório de Eduardo Campos, o mesmo tipo de crise de imagem aconteceu em razão de uma selfie, reiteradamente exposta e discutida na mídia e nas redes sociais. Para mim, mais do que vender notícia, essas situações evidenciam aspectos de uma sociedade imatura e despreparada para lidar com os olhos implacáveis do Big Brother.

Tenho estudado um pouco mais atentamente Comunicação e Redes Sociais pela perspectiva do risco. E acho que estamos diante de um paradoxo: o risco de omissão é ruim porque abre espaço para que terceiros - formadores e detratores de opinião - assumam a voz institucional. Em contrapartida, a expressão - ainda que devidamente planejada e bem executada - não está isenta de risco de imagem e crise de reputação seja na esfera individual, seja na esfera institucional.

Também esta semana a rede espanhola Zara precisou se desculpar junto à sociedade e retirar de circulação um de seus produtos. A camiseta que lembrava o holocausto (clique aqui). Claro que junto do risco imagem vem também a perda financeira. 


Como se resolve o paradoxo? Enfrentando o risco! Esta semana, li o Guia de Referência - Adesão e Utilização das Redes Sociais e Entidades Fechadas de Previdência Complementar, publicado pela ABRAPP, que orienta sobre o aculturamento institucional para a utilização das redes, explica detalhadamente os principais riscos envolvidos nesse processo comunicacional e tem como desfecho um testemunho primoroso da jornalista Rosângela Rocha sobre como a Faelba implantou com coerência e responsabilidade os perfis institucionais nas redes sociais e ainda se valeram - com muito êxito - dos novos canais para promover a eleição de seus Conselheiros.

As Entidades Fechadas de Previdência Complementar há algum tempo têm se valido das redes sociais para disseminar a cultura previdenciária junto à sociedade. Por isso, alinhada ao entusiasmo desses operadores do Sistema e acompanhando o que profissionais de Comunicação como o professor Paulo Nassar (ECA-USP) ensinam, sei que é planejamento, valores e coerência que singularizam o trabalho de Comunicação, qualquer que seja o suporte da mensagem. 

Vou encerrar esse post com uma reflexão muito realista destacada do livro Previdência Social na Sociedade de Risco - o desafio da solidariedade com sustentabilidade, de Sílvio Renato Rangel.
"De acordo com Ulrich Beck (GIDDENS; BECK; LASH, 1997, p. 15), a sociedade do risco é tida como a fase do desenvolvimento da sociedade moderna em que os riscos sociais, políticos, econômicos e individuais escapam das instituições criadas para seu controle".
Ainda assim, precisamos nos preparar e avançar continuamente. É função social, institucional, profissional e individual assumir um posicionamento que preserve a identidade, a imagem, a reputação, o nome, a marca. Assim como é função social, institucional, profissional e individual assumir a prerrogativa pela adaptação e pela inovação. Afinal, como ensina Sílvio Renato Rangel:  
"A sociedade de risco é caracterizada não mais pelas incertezas das catástrofes naturais, mas pelas incertezas fabricadas pelo próprio homem, e as tentativas de limitar e controlar os riscos acabam produzindo aumento das incertezas e dos perigos. [...] e o confronto com novas realidades demanda novas soluções".
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