segunda-feira, 23 de março de 2015

A DOR DA PERDA

Quando decidi escrever o Conversação, assumi deliberadamente um posicionamento a favor do otimismo, da perspectiva, do horizonte que há para aqueles que acreditam além do imediato, para aqueles que acreditam no futuro.

Confesso que em poucas situações tratei de temas incômodos, porque entendo que - no longo prazo - algumas sazonalidades são inevitáveis e que os resultados do negócio de Previdência Complementar estão sujeitos a instabilidades assim como a Agricultura, por exemplo, está sujeita aos fenômenos ambientais. Há ganhos, há perdas.


Entretanto, quando a perda é motivada por ingerência, quebra de confiança e perda de dinheiro, aí não há remédio que faça passar a dor, o desapontamento. O bolso - seja na filosofia popular ou na neurociência - é a parte mais sensível do ser humano (clique aqui). E, em Previdência Complementar, tudo é em escala. Portanto, a dor também. 

Hoje o jornal O Estado de S. Paulo noticia a dramática e lamentável situação dos Participantes da Postalis (clique aqui). Sem dúvida, há compartilhamento de responsabilidades por déficits em um negócio de Previdência Complementar, isso nem eles questionam, mas pagam contribuições reajustadas para cobrir déficits de gestão desde 2008. O que me chama mais a atenção no tom da matéria é a situação de vulnerabilidade e abatimento diante de uma promessa de compromisso institucional rompida, não cumprida.

Comunicadores e Educadores Previdenciários

É óbvio que estou sensível a esta história de fragilidade dos Participantes mas, principalmente do Sistema de Previdência Complementar. Numa análise de SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) das mais simples, temos que ter a seriedade para entender o que esse episódio representa para todos nós: gestores, comunicadores e educadores previdenciários.

Claro! Como gestores, comunicadores e educadores previdenciários, sempre orientamos que o ideal é formar diferentes tipos de reservas para a aposentadoria. Entretanto, como gestores, comunicadores e educadores previdenciários, dedicamos todos os esforços para que a destinação maior seja, evidentemente, para o plano de previdência complementar, o "nosso negócio".

No Brasil, criar esse comportamento de longo prazo, essa consciência que transcende o imediato e o consumo predatório, essa cultura de corresponsabilidade é realmente uma façanha! Por isso, qualquer que seja a geração ou classe social que compartilhe desses propósitos tem que ser respeitada, por estar simplesmente rompendo um paradigma nacional.

Sei que, em tempos de crise, a preservação da espécie pede a manutenção da zona de conforto. Mas eu não me sinto confortável em silêncio neste caso. Porque meu trabalho depende da confiança e da credibilidade de PESSOAS como os Participantes da Postalis, que eu e todos os demais profissionais de Previdência Complementar reconhecem como multiplicadores e formadores de opinião do trabalho que fazemos.


Se não é bom para todos, é imperfeito

Dediquei parte dos meses de janeiro, fevereiro e março de 2015 à produção de um Relatório Anual de Informações (RAI) documento que registra fatos e resultados relevantes para a evolução da gestão das Entidades Fechadas de Previdência Complementar.Confesso, mais uma vez, a satisfação que esse tipo de trabalho provoca em mim, por revelar convergências que se somam para viabilizar um futuro diferente daquele que conhecemos. Todos apostamos nessa ideia.

Entretanto, nem todo esse tempo empenhado no trabalho foi suficiente para me manter alheia ou indiferente aos fatos de hoje. Ainda que tenha escrito sobre sucesso nestes últimos meses, hoje estou me sentindo muito fracassada e impotente. Porque hoje os jornais estampam uma perda muito além do dinheiro: a perda de confiança na verdade que eu ajudo a defender.

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Um comentário:

  1. Parabéns, compartilho das dores, tristeza e indignação. Beijos, Nivaldo.

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