sábado, 25 de julho de 2015

INTERAÇÕES PERMANENTES: DE ALICE AOS ALGORITMOS DAS REDES

"Do lado de fora do Central Park, em Nova York, na altura da rua 74, uma grande escultura em bronze mostra Alice e os principais personagens de sua aventura. Ela foi feita pelo artista espanhol José de Creeft por encomenda do filantropo George T. Delacorte Jr. em 1959. Nela, a menina está sentada sobre um enorme cogumelo, rodeada pelo Gato Risonho, Coelho Branco, Chapeleiro Maluco, pela Lagarta Azul e por outros personagens dessa história que passou por gerações ao longo das décadas. Para fazê-los, de Creeft inspirou-se nas ilustrações que o artista John Tenniel (cartunista político muito conhecido na Inglaterra em sua época) criou para a obra original de Lewis Carroll. A única exceção é a menina Alice, cujo rosto é baseado na figura de Donna, filha de Delacorte.

A grande diferença da escultura de Alice para outras obras de arte expostas em museus e espaços públicos é que ela não está instalada sobre um pedestal. Foi posta no nível do chão justamente para que as pessoas, mais especificamente as crianças, interagissem com ela. É essa interação permanente que explica o fato de aquelas figuras em bronze, de tanto serem tocadas, estarem sempre polidas e brilhantes". Essa história está no livro Atitude empreendedora - descubra com Alice seu País das Maravilhas, de Mara Sampaio.

Faz tempo que estou disposta a escrever sobre essa passagem. Porque sozinha ela é uma alegoria da rede de interações estabelecidas a partir de Lewis Carroll, autor de Alice. Mais do que isso: ela traz uma chave preciosa para quem gosta de Comunicação, Educação, Educomunicação. O poder e a dimensão das conexões de uma rede on e off line.

Dá para imaginar quantos leitores se aventuraram com Alice? Dá para imaginar quantos toques humanos fazem a estátua de bronze brilhar? Dá para imaginar como Alice se multiplicou com o desenho de Walt Disney, ou o filme de Tim Burton e mesmo subjetivamente, como nas metáforas do filme Matríx, só para citar os mais populares? Uma só mensagem, incontáveis expressões renovadas por meio de interações permanentes.

Da ficção à realidade

Para mim, no espaço do maravilhoso, do ficcional, é possível experimentar uma ruptura radical com o paradigma linear com o aprendemos a ler o mundo. Há poucos dias, usei um slide para explicar como os novos mapas mentais são importantes para se interpretar e se localizar em um mundo que foi analógico até o século 20.
Só os últimos capítulos da história, do Humanismo até agora, foram praticamente seis séculos dedicados a entender o mundo com começo, meio e fim - nesta ordem! Causa e consequência. Mas todos sabiam que era mais do que isso!

E a segunda metade do século 20 começou a revelar a entrada da toca do Coelho Branco. E o poder das interações permanentes foi se expressando no mundo on e off line. E será dinamizado ainda mais com as conexões estabelecidas por meio dos Big Data. E... não sei mais, por enquanto. Estou esperando o novo livro de Gil Giardelli me contar mais sobre essa aventura que passa por temas como Abundância, Economia Colaborativa, Inteligência Espiritual, Geração C.

Este post não é só non sense


Bom, então, por que é que eu estou escrevendo tudo isso, Cara Pálida? É porque, quando eu fui usar o mapa de públicos de interesse das Entidades Fechadas de Previdência Complementar - instrumento didático fundamental do trabalho de Comunicação e Educação Previdenciária publicado em manuais e guias - me dei conta de um detalhe. O mapa precisa ser atualizado!

O valor desse mapa está principalmente na identificação e segmentação e categorização de diferentes públicos sugerindo já mensagens dirigidas de acordo com as características de cada público específico. Entretanto, esse mapa ainda é inspirado por concepções da Teoria Funcionalista que, em linhas gerais, afirmava a supremacia linear da mensagem de um emissor ativo atuando sobre um receptor passivo. Serviu principalmente até a metade da primeira década do século 21.

Não sei desenhar com precisão este mapa hoje, porque eu o imagino tridimensional. Mas, para linearizar com finalidade didática, diria que uma versão inicial, a partir de 2005 teria a configuração a seguir.
Estamos em rede. Comunicação é alternância, ainda que a centralidade da informação qualificada ainda seja prerrogativa institucional. A Comunicação é dirigida, mas as interações permanentes em rede se pressupõem multidirecionais e multidimensionais. Portanto, esse mapa não é estático. Este mapa é dinâmico. E aqueles elementos que simbolizam a conexão entre os grupos, as comunidades têm um poder atômico.


Tenho certeza, Cara Pálida, que a sua imaginação vai fazer o que a minha limitada competência como operadora de Power Point me impede. Mas, para ajudar, tem dois filmes que mostram exatamente a interação permanente que eu quero expressar com esse gráfico inacabado. São estruturas complexas e interdependentes. E cada interação, além de muito poderosa, pode ter uma relevância valor incalculável na transformação das relações que ela afeta.

Mechaneu v1 é o primeiro de uma série de estruturas cinéticas, impressa em 3D.

Antrum, uma instalação em exposição noM’ARS Contemporary Art Center, em Moscou (clique aqui)
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