Ainda não decidi se escreverei uma retrospectiva este ano. A retrospectiva tem um caráter de memória importante para criar perspectivas.
Entretanto - depois de um período considerável de sensação de estabilidade econômica, vivemos um 2015 marcado por muita complexidade e perplexidade.
O ano ainda não acabou e já estamos diante de um impasse: as coisas podem ser diferentes, mas precisam ser transformadas radicalmente. Pelo menos, há evidências de que a reforma das regras da Previdência Social já é pauta para 2016, ainda que não tenha qualquer apelo para a simpatia popular.
Ao que tudo indica, aumentar o tempo de contribuição e estabelecer uma idade mínima para a aposentadoria serão estratégias para inclusive reequilibrar os resultados da Economia (clique aqui).
A tal da Educação Previdenciária
É evidente que a reforma da Previdência Social seria um tema menos polêmico no Brasil e no mundo se o mito do "forever young" tão rentável para o mercado tivesse perdido a força, frente ao inquestionável aumento da longevidade, especialmente após os 60 anos de idade. Não perdeu!
A sociedade ainda é sistematicamente condicionada a usar o mapa mental com referências culturais dos séculos 19 e 20 para transitar no século 21. O GPS precisa ser atualizado, certo? Mas esse download não é definitivamente incômodo.
Alguns números ajudam a entender melhor a demanda para o futuro, sobretudo com relação a Educação Previdenciária. Uma pesquisa feita pela Academia Nacional de Competência para os Serviços Financeiros (NSAFS) em parceria com a AXA Investment Managers mostrou que, no Reino Unido, 73% dos empregadores acreditam que é fundamental fornecer Educação Previdenciária para seus trabalhadores. Porém, 76% do universo pesquisado acreditam que a responsabilidade global para educar a população sobre o assunto não é das empresas (clique aqui).
Tá! Então é responsabilidade das políticas públicas? É responsabilidade de toda a sociedade? E as empresas são formadas por cidadãos e operam em sociedade, certo? Então, claro, a Educação Previdenciária é TAMBÉM responsabilidade das empresas, dos condomínios, dos grêmios, das escolas, das universidades, das igrejas, dos hospitais. O mundo, cara pálida, está envelhecendo! Isso muda as regras do jogo inteiro!
A resistência das empresas, claro, é reflexo e insistência na manutenção do mito do
"forever young". É mais fácil manter a zona de conforto e não precisar mudar. Revela também uma miopia. Mas as estatísticas e os novos hábitos de consumo vão corrigir essa distorção, de qualquer forma. Ainda que - por enquanto - sejam impopulares, as novas regras nas esferas pública e privada terão que considerar o "forever alive" como escolha voluntária ou imposta. Trata-se de responsabilidade individual e coletiva, uma nova consciência social a favor da sustentabilidade para todos os ciclos de vida que formos capazes de criar e viver.
A perspectiva para 2016 é que as mudanças sejam definitivamente acompanhadas de muita informação qualificada feita por todos os importantes formadores de opinião que trabalham com seriedade para orientar corações e mentes. De imediato, sem uma estrutura para viabilizar a expansão da Educação Previdenciária, ao menos há que se neutralizar a vitimização delinquente e oportunista dos detratores de plantão.
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