segunda-feira, 24 de outubro de 2016

SOMOS MAIS QUE TESTEMUNHAS DO TEMPO

Se - assim como eu - você ficou surpreso com a transformação do personagem Wolverine em 16 anos então, mesmo que inconscientemente, uma sensação semelhante à minha deve ter provocado suas ideias. E aqui eu vou traduzir a sensação que eu tive.

O mais intrigante nesta experiência de acompanhar o surgimento e a evolução da personagem é que junto de Wolverine, deixamos de nos reduzir um dado estatístico para assumir nossos papéis de testemunhas e personagens da ação do tempo: percebemos o tempo seja no Wolverine, seja em nós mesmos, seja no mundo! Esta é uma metáfora poderosa do nosso protagonismo aqui e agora! E o que ela nos diz? "Não temos tempo a perder!". 

Veja! A série teve início em 2000 e, num piscar de olhos, se estendeu por 16 anos! O veterano Johnny Cash participa da trilha sonora de Logan, o Wolverine de 2016. E seus versos desafiam: 

If I could start again (se eu pudesse começar de novo)
A million miles away (a milhares de quilômetros daqui)
I would keep myself (eu me pouparia)
I would find a way (eu encontraria um jeito).

Pois é! Mudanças nos mitos: de forever young para forever alive! Com o plus: I would keep myself (eu me pouparia = eu seria previdente). Fascinante!! Será que o radicalismo do mundo está ganhando consciência? Será que o tempo está mostrando uma face não só envelhecida mas madura da humanidade?


Legado: mais do que aventura, troca intergeracional!

O futuro é uma obra aberta! Talvez a mais aberta de todas as obras. Por isso, acho que cabe pensar também se o legado que se transmitirá às novas gerações - além da proposta de aventura - integra um conhecimento sobre sustentabilidade da vida em todas as suas manifestações, especialmente as manifestações de caráter coletivo!

No livro Trópicos Utópicos, Eduardo Giannetti, deixa alertas belíssimos como legado de responsabilidade para a sociedade: "O desejo de saltar para aquém do cárcere do pensar se pode compreender - e até cultivar em certa medida, mas o lado de fora não há. A consciência é irreparável; dela, como do tempo, ninguém torna atrás ou se desfaz. Desmorder a maçã não existe como opção". [p.36]

Portanto, se estamos presos à consciência e ao tempo, temos que buscar um caminho, um caminho que poupe, proteja a todos das próprias escolhas! Talvez, as luzes tenham que ser garimpadas naqueles que, como Eduardo Giannetti, se renderam à consciência, à responsabilidade e à realidade. É dele a sentença: "A igualdade de resultados oprime, a igualdade de oportunidades emancipa". [p.100]. Deveria ser argumento para vários filmes! 

Mas ilumina muito as ações daqueles comprometidos com o futuro. O futuro é uma obra aberta e muita gente bacana dedica muita energia para que ele seja uma versão melhor do presente. Para que o futuro seja uma experiência verdadeira de mais qualidade de vida, mais significado, mais herança do que recebemos das gerações que nos antecederam. Para que nós mesmos, nossos filhos e netos possamos trilhar caminhos mais promissores em territórios civilizados e menos hostis.


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