terça-feira, 11 de abril de 2017

EU ME ENGANEI SOBRE A LONGEVIDADE

Não, não foi como o Jorginho Guinle, que errou os cálculos, torrou e herança porque achou que fosse morrer aos 70 anos, só que não! Foi assim: eu estava zapeando a TV no domingão à noite e vi a FOX reprisando Êxodo, filme que conta a história de como Moisés falou com Deus, liderou a libertação e conduziu os hebreus na travessia pelo Mar Vermelho e depois pelo deserto.
Tem algumas cópias sem qualidade no Youtube. Eu até pensei em baixar o filme para colocar o conteúdo que me interessava aqui. Mas vou apenas indicar o trecho e quem quiser assiste no Youtube. Mais ou menos aos 13 minutos do início do filme (varia conforme o vídeo), Moisés e o ministro do faraó conversam. E o ministro reclama que o problema de desequilíbrio da economia do Egito é a longevidade das PESSOAS. Sério, 600 A.C!

Daí lembrei de Matusalém, avô de Noé e outro personagem bíblico. Ele é famoso pela vida longa: 969 anos. O próprio Moisés tinha 80 quando começou a empreitada de enfrentar o faraó e quase 200 quando morreu. E não é só isso! O tempo todo, Moisés se reúne com anciãos. Aliás, os clãs de anciãos estão sempre presentes na Bíblia. Eles foram decisivos na condenação de Jesus Cristo, 600 anos depois de Moisés. E eu que achava que envelhecer era a marca do século 21... Nada disso! A tabelinha a seguir mostra a idade de alguns patriarcas bíblicos.


É claro que a precisão nas informações bíblicas é relativa. De qualquer forma, estou atenta assim a essas histórias porque há poucos dias estive em Belo Horizonte e o professor Ivan Sant'Ana Ernandes propôs que eu escrevesse sobre o tema "ditadura da longevidade". A expressão é dele. De cara, achei meio arriscado, porque o aumento da longevidade é fato estatístico. Trata-se de um fenômeno global. Não há o que contestar.

Mas - por causa do papo entre Moisés e o ministro do faraó - entendi um elemento a mais nessa equação. A longevidade pode não ser uma realidade nova. A associação entre longevidade, economia e política também não é. Mas a novidade talvez seja sua incômoda e excessiva associação com o elemento MEDO. E esse pode ser o caminho para a ditadura da longevidade, que justifica tudo, até reformas previdenciárias paramétricas pouco transparentes.

Aceita que dói menos, SQN

Talvez, no passado, as PESSOAS aceitassem melhor e integrassem o envelhecimento com naturalidade à vida, afinal até a metade do século 20, sobretudo em países em desenvolvimento como o Brasil, a expectativa de vida ao nascer era em média 50 anos. A Medicina, a urbanização e outros fatos foram mudando  estendendo esse número e hoje no Brasil a média é de 75 anos.

O medo chega junto com o encolhimento das famílias. Quem vai me pôr e tirar do sol, quando eu não for mais útil? pergunta o Padre Fábio de Melo. Na época dos anciãos bíblicos, os descendentes normalmente faziam essa tarefa de cuidar dos mais velhos. Mas dependia da cultura e das circunstâncias.

Lembrei de outro filme, Balada de Narayama, clássico japonês sobre os hábitos econômicos de enviar os anciãos com mais de 70 anos para o topo da montanha, onde ficam esperando a morte chegar. É uma história sobre escassez, fragilidade e desamparo.

O medo, sem dúvida, é um instrumento didático estratégico. Pode levar à ação ou à paralisação. Mas o medo não pode sustentar para sempre um "ditadura" seja ela qual for. 
A Educação Previdenciária promove a autonomia, a emancipação, a transformação positiva por meio do estímulo às melhores e mais conscientes escolhas A transparência, a coerência, a eficiência são elementos intransitivos e libertários. Por isso, empoderam. 

Sim! Eu me enganei sobre a longevidade. Mas as evidências que a Educação Previdenciária transforma comportamento, prepara para uma vida mais sustentável, digna e com mais qualidade, isso eu não tenho dúvida.

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