terça-feira, 8 de maio de 2012

O sétimo seguidor: um estudioso do humor

Viktor Blazek, sétimo seguidor do blog, é um dos comunicadores e, certamente, o pesquisador mais inovador que eu conheço. Acompanhei dois trabalhos que ele fez para a ECA/USP: uma especialização sobre humor, educação e comunicação institucional. E um mestrado sobre jogos eletrônicos e estratégias vencedoras de comunicação empresarial. Louquíssimo!
Por enquanto, e acho que ainda por muito tempo, estou  influenciada pela ideia de política corporativa de diálogo, do professor Clóvis Barros Filho, sobre a qual escrevi esta semana. Tudo isso, somado a um conteúdo de uma oficina sobre a importância da apresentação em público que realizei este ano, me chama a atenção para outro aspecto da gestão do processo comunicativo que vou tratar neste post.


Domínio de recursos técnicos, repertório diversificado e intimidade com o conteúdo são pressupostos para o bom resultado todo profissional que quer se comunicar bem. Estamos falando do reino do ordinário, comum a todos os mortais. No reino do extraordinário, estão o autocontrole, a segurança e o relacionamento com o público.  Aí algumas pessoas têm uma atuação diferenciada e fazem o show com muita propriedade.

Dale Carnegie, em Como fazer amigos & influenciar pessoas na era digital,  um clássico no tema, explica que três expressões pessoais são fundamentais.


1. O OLHAR. Uma grande referência sobre o poder magnético do olhar de um grande apresentador é Steve Jobs. Na biografia sobre o gênio da tecnologia, escrita por Walter Isaacson, por meio do registro de diferentes depoimentos explica que o jeito de olhar de Steve Jobs era tão singular que ele parecia enxergar a alma das pessoas.


2. O OUVIR. Carnegie conta que o mestre da arte de ouvir, sem dúvida, foi Sigmund Freud cujos pacientes o psicanalista encantava, grande atenção e por demonstrar uma capacidade única de ouvir a alma das pessoas.


3. O SORRIR. Também é de Carnegie o exemplo do sorriso mais famoso do mundo, que consumiu dezesseis anos de trabalho do gênio Leonardo Da Vinci. Trata-se, claro, de Monalisa, sorriso, avaliado em US$ 500 milhões e detentor de inumeráveis admiradores pelo mundo em qualquer tempo, desde que foi criado. Sorrir é expressão universal da alma das pessoas.


Dale Carnegie, entretanto, não se restringe a um sorriso idealizado pelo artista renascentista. Em sua análise, reflete sobre o gesto das pessoas no Facebook e apresenta uma pesquisa, analisando e constatando que - em mais de 90% das fotografias publicadas em perfis - as pessoas estão sorrindo.


As empresas precisam se preparar


Tendência é algo que a comunicação é capaz de apontar. Não é sem motivo que o filósofo da linguagem Mikhail Bakhtin afirmava veementemente que a linguagem antecipa os fenômenos sociais. 


Exceto pelas áreas diretamente responsáveis pelo atendimento de clientes, pelo menos por enquanto, a grande maioria das empresas se comporta de modo ainda esquisofrênico, comparado ao comportamento das pessoas fora do ambiente institucional. Porque, nas empresas, as pessoas natural ou artificialmente alimentam uma imagem de austeridade, seriedade, responsabilidade, como se tudo isso fosse incompatível com bom humor, alegria, espontaneidade, felicidade e, principalmente, sorriso.


Foi por isso que eu resolvi contar sobre Viktor Blazek, pesquisador e profissional irado nessa coisa de fazer as pessoas rirem em ambientes notadamente ortodoxos como a academia, a escola , a empresa. O gesto, especialmente quando acompanhado de sentido e intenção, pode transformar climas organizacionais. Sorrir é saudável, agradável, barato e, claro!, um barato!


Não acredito que as empresas estejam naturalmente preparadas para uma mudança imediata. O riso é historicamente também reconhecido como símbolo de irreverência, rebeldia, revolução. Por isso, também questionei o quanto estamos prontos para a política corporativa do diálogo, proposta pelo professor Clóvis de Barros Filho. Somos resistentes à diversidade, inclusive de expressão. Por isso, acho que as pessoas precisam ser mais bem preparadas para fortalecer suas relações de confiança e entendimento da pluralidade da expressão em ambientes empresariais.




Enquanto a autoexpressão for objeto de controle, as pessoas não serão felizes, não manifestarão sorrisos legítimos, não serão saudáveis e, pior, serão parcialmente produtivas. O papel das empresas na vida das pessoas, reconhecidamente, vai além da remuneração. Trata-se de uma parceria que se consolida por meio de práticas e políticas de recursos humanos plenas de valor.

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