Viktor Blazek, sétimo seguidor do blog, é um dos comunicadores e, certamente, o pesquisador mais inovador que eu conheço. Acompanhei dois trabalhos que ele fez para a ECA/USP: uma especialização sobre humor, educação e comunicação institucional. E um mestrado sobre jogos eletrônicos e estratégias vencedoras de comunicação empresarial. Louquíssimo!
Por enquanto, e acho que ainda por muito tempo, estou influenciada pela ideia de política corporativa de diálogo, do professor Clóvis Barros Filho, sobre a qual escrevi esta semana. Tudo isso, somado a um conteúdo de uma oficina sobre a importância da apresentação em público que realizei este ano, me chama a atenção para outro aspecto da gestão do processo comunicativo que vou tratar neste post.
Domínio de recursos técnicos, repertório diversificado e intimidade com o conteúdo são pressupostos para o bom resultado todo profissional que quer se comunicar bem. Estamos falando do reino do ordinário, comum a todos os mortais. No reino do extraordinário, estão o autocontrole, a segurança e o relacionamento com o público. Aí algumas pessoas têm uma atuação diferenciada e fazem o show com muita propriedade.
Dale Carnegie, em Como fazer amigos & influenciar pessoas na era digital, um clássico no tema, explica que três expressões pessoais são fundamentais.
1. O OLHAR. Uma grande referência sobre o poder magnético do olhar de um grande apresentador é Steve Jobs. Na biografia sobre o gênio da tecnologia, escrita por Walter Isaacson, por meio do registro de diferentes depoimentos explica que o jeito de olhar de Steve Jobs era tão singular que ele parecia enxergar a alma das pessoas.
2. O OUVIR. Carnegie conta que o mestre da arte de ouvir, sem dúvida, foi Sigmund Freud cujos pacientes o psicanalista encantava, grande atenção e por demonstrar uma capacidade única de ouvir a alma das pessoas.
3. O SORRIR. Também é de Carnegie o exemplo do sorriso mais famoso do mundo, que consumiu dezesseis anos de trabalho do gênio Leonardo Da Vinci. Trata-se, claro, de Monalisa, sorriso, avaliado em US$ 500 milhões e detentor de inumeráveis admiradores pelo mundo em qualquer tempo, desde que foi criado. Sorrir é expressão universal da alma das pessoas.
Dale Carnegie, entretanto, não se restringe a um sorriso idealizado pelo artista renascentista. Em sua análise, reflete sobre o gesto das pessoas no Facebook e apresenta uma pesquisa, analisando e constatando que - em mais de 90% das fotografias publicadas em perfis - as pessoas estão sorrindo.
As empresas precisam se preparar
Tendência é algo que a comunicação é capaz de apontar. Não é sem motivo que o filósofo da linguagem Mikhail Bakhtin afirmava veementemente que a linguagem antecipa os fenômenos sociais.
Foi por isso que eu resolvi contar sobre Viktor Blazek, pesquisador e profissional irado nessa coisa de fazer as pessoas rirem em ambientes notadamente ortodoxos como a academia, a escola , a empresa. O gesto, especialmente quando acompanhado de sentido e intenção, pode transformar climas organizacionais. Sorrir é saudável, agradável, barato e, claro!, um barato!
Não acredito que as empresas estejam naturalmente preparadas para uma mudança imediata. O riso é historicamente também reconhecido como símbolo de irreverência, rebeldia, revolução. Por isso, também questionei o quanto estamos prontos para a política corporativa do diálogo, proposta pelo professor Clóvis de Barros Filho. Somos resistentes à diversidade, inclusive de expressão. Por isso, acho que as pessoas precisam ser mais bem preparadas para fortalecer suas relações de confiança e entendimento da pluralidade da expressão em ambientes empresariais.
Enquanto a autoexpressão for objeto de controle, as pessoas não serão felizes, não manifestarão sorrisos legítimos, não serão saudáveis e, pior, serão parcialmente produtivas. O papel das empresas na vida das pessoas, reconhecidamente, vai além da remuneração. Trata-se de uma parceria que se consolida por meio de práticas e políticas de recursos humanos plenas de valor.
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