segunda-feira, 21 de maio de 2012

VAMOS PECAR PELO EXCESSO?


Há algum tempo, assisti a uma reportagem sobre Burle Marx. A matéria biográfica explicava que, em seus projetos, o paisagista carioca preferia pecar pelo excesso do que pela escassez, uma vez que a própria Natureza é pura expressão e manifestação da exuberância.


Fico, às vezes, pensando se, contar reiteradamente a história dos previdentes, não é excesso meu... Talvez seja, mas num cenário de tanta escassez de informação sobre esse tema e, principalmente, em condições em que as informações disponíveis tenham um caráter mais humano e menos técnico, vou arriscar a mesma metodologia conceitual de Burle Marx e continuar escrevendo mais sobre esse tema tão presente na minha vida.


Você viu o vídeo do professor Gianetti?


Postei ontem, então o acesso está muito fácil ainda. Ele conta uma experiência feita com crianças pequenas para avaliar a relação entre idade e tolerância à ansiedade ou adiamento da satisfação imediata. Para simplificar, os cientistas descobriram que - quanto mais imaturas (mais novas), menos resistência ao adiamento do prazer. 


O estabelecimento de relação entre controle da ansiedade e gratificação maior está associada a amadurecimento da personalidade. A criança capaz de analisar os estímulos corretos, estrutura estratégias melhores para obter compensação; também dá melhores respostas e obtem melhores prêmios diante de cada situação proposta pelos pesquisadores. E o prof. Eduardo Gianetti ainda explica outros desdobramentos comportamentais: as crianças mais previdentes têm melhores notas na escola, melhor relacionamento com os demais colegas e com a família. 

Mãe, família, sociedade: o sentido da relação com o outro


Pesquisas - formais e informais - reiteram essas conclusões acadêmicas, mostradas pelo prof. Gianetti. Na semana passa, foi publicada uma avaliação meio óbvia, mas que nos faz reconsiderar o impacto de alguns hábitos que substituímos para facilitar a vida, sem considerar que a interferência humana pode ser desastrosa, porque nem sempre é sensível à interdependência do sistema no qual estamos enredados: crianças amamentadas pela mãe e não pela mamadeira têm mais saúde e são menos obesas.


Quer mais? Um grupo de pais norteamericandos criaram o movimento The Family Dinner Project (Jantar em Família) para melhorar a qualidade do convívio familiar. Resultados: melhor autoestima das crianças e adolescentes, diminuição dos riscos do uso de drogas, gravidez na adolescência, depressão, distúrbios alimentares e obesidade.


Conexão e sentido de participação


Então, vamos voltar ao formato de família dos séculos 19 e 20 para sermos felizes novamente? Bom, eu não acredito! Mas acredito em evolução, por isso, acho que possamos adotar bons hábitos, que compatibilizem trabalho, família, mundo virtual, relacionamentos reais. Para mim, a fórmula combina percepção de interdependência e produção de sentido, de significado.


As histórias que minha avó contava para mim, antes mesmo d'eu pensar em televisão, criavam um imaginário fantástico que nutriam meu coração e minha mente. Essa grande referência que eu tive sobre ficção e realidade cartografa e direciona os meus passos no mundo até hoje, independentemente d'eu ter aprendido a lidar com Google Maps e GPS. É o instinto que me auxilia, quando eu não tenho ferramentas da razão em mãos.


E sei que não sou só eu que entende a vida desse jeito. Empresas visionárias, que estão acompanhando e aproveitando oportunidades, também desenvolvem produtos focados nos relacionamentos intergeracionais, interpessoais e na produção de sentido e criação de histórias de valor.


Argumento para este post: Rosana Rocha (Sentire), Nivaldo Cândido de Oliveira Jr. (Suporte Consultoria e Treinamento) e Ivan Sant'Ana Ernandes (Atest Consultoria Atuarial)

Um comentário:

  1. É um prazer e uma honra pra mim estar presente nesta produção. De fato acredito, como educadora e cidadã, que prestar atenção nos RELACIONAMENTOS
    é o que realmente faz a diferença nas instituições e na vida.

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