quinta-feira, 21 de junho de 2012

QUANDO PERDER É UMA LIÇÃO SOBRE COLETIVIDADE

Este post tem argumento de Anderson de Oliveira Silva - um profissional de 22 anos, formado em Ciências Contábeis que atua na área de Conformidade do Metrus - Entidade Fechada de Previdência Complementar que atende os Metroviários em São Paulo.

Só para começar, um esclarecimento importante: sou pouco informada sobre especificidades do futebol. Entretanto, entendo o jogo como uma poderosa metáfora, especialmente no Brasil. Foi por meio do futebol que, esta semana, discuti em um post dois papéis importantes, porém antagônicos nos processos de comunicação: o detrator e o formador de opinião.

Agora, o futebol pode exemplificar outra importante lição que - cada vez mais - tem ficado clara para mim. Os professores Clay Shirky, em Nova York, e Gil Giardelli, em São Paulo, ensinam que a participação é uma característica muito presente nas redes sociais. O compatilhar é um gesto comum. Mais do que o informante, a informação retém a maior parte da relevância do processo. Evidente que, conforme o informante compartilha informações de relevância, sua credibilidade aumenta como fonte de referência junto à comunidade de afinidade.

A maior importância do processo está, entretanto, no valor agregado àquela comunidade, à transformação do comportamento, ao desenvolvimento e formação de massa crítica, na utilidade percebida na informação compartilhada. Conforme o indivíduo se integra, ele necessariamente se universaliza. É uma experiência simultânea da unidade na totalidade. O uno e o verso. Esse é o jogo que verdadeiramente altera os placares das redes sociais.

No futebol, a perda faz rever o conceito de esporte coletivo


Os meios de comunicação - apropriados pelo mercado - prestam serviço, porém com limitações e, muitas vezes, com intenções até declaradas. Então é preciso entender que a criação de mitos e heróis - que concentra e atribui os resultados de uma equipe inteira a somente um atleta - é um recurso de entretenimento, mas uma verdade relativa. 

Engrandece uma só pessoa aos olhos de toda a sociedade. Direciona orçamentos publicitários inteiros para um só representante de equipe. Enaltece o êxito é individual e subtrai o mérito coletivo. Entretanto, todos os demais componentes do time realizam e dão suporte no trabalho. As luzes, focalizadas em um só, distorcem a percepção, desfiguram a realidade. A imaginação se permite iludir.

Quando disputas por grandes títulos são perdidas, o herói não pode morrer. Por isso, os holofotes se deviam do ídolo que falhou, deixou a desejar e não deu conta sozinho do recado e voltam a denunciar um time que não apresentou a melhor performance. O resultado deficitário precisa ser compartilhado. A vida volta a ser como ela é. A frustração abate, mas não dizima a ilusão.

Por isso, é preciso ficar atento. Como fênix o herói sempre renasce. Junto dele, a ilusão constrangedora de que a força, o sentido, o saber é domínio de um só. Enquanto acreditarmos nessa alegoria, adiaremos nossa experiência de participação. Negligenciaremos a oportunidade de entrar no jogo para somar e multiplicar. Terceirizaremos os méritos dos ganhos e assumiremos os déficits das perdas. É preciso treinar esse estado de atenção sempre.

"Nenhum de nós é tão esperto quanto todos nós". 
Provérbio japonês

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