FÓRMULA PARA ADMINISTRAR A PASSAGEM DO TEMPO

Estudar as histórias de empresas que resistem ao tempo é um jeito de descobrir orientações importantes sobre estratégias e táticas que preservam o negócio à corrosão do tempo. Essas lições podem tanto enriquecer a interpretação da experiência profissional e também da experiência pessoal.


Diante de uma vitrine, nunca se pára para pensar no caminho de altos e baixos que uma empresa enfrenta para se manter no mercado, superar crises. Marcas de luxo, por exemplo, mais do que glamour, em geral, cultivam uma história que termina se transformando em valor agregado à marca. As pessoas consomem essa tradição de qualidade, de aprimoramento contínuo, de cuidado com o produto e o consumidor. Todos esses valores ganham tangibilidade pela experiência de uso e satisfação. Mas a informação é um intangível que sustenta e distingue todo esse processo que é o mesmo desde o início dos tempos: o consumo.


Produtos populares também têm história e consultoria internacional

O programa Mundo S.A., da Globo News, no episódio "A empresa familiar é diferente, você precisa entender a história dela", mostra a Leite de Rosas, empresa brasileira, com produtos de apelo popular. Para crescer,  a família optou e enfrentou sete anos de gestão profissionalizada. Depois de uma reengenharia radical - com afastamento dos gestores mais antigos - os resultados negativos obrigaram a família a rever a estratégia e retomar as rédeas e a recondução do negócio. O motivo da estagnação? Administração distante dos conceitos originais da marca.


Agora, a família Leite de Rosas está recuperando as perdas e perseguindo lucros, mas sem perder de vista os valores sólidos que ajudaram a criar a identidade da marca que, no caso da empresa, também significam vantagem competitiva e coerência estratégica alinhadas para a sustentabilidade e a preservação do negócio.


O case foi analisado no Fórum HSM sobre estratégias de Gestão pelos consultores Marshall Goldsmith, especialista em liderança e sucessão, e John Davis, professor da Harvard Business School e George Kohlrieser, considerado uma das autoridades mundiais na resolução de conflitos. 


Por que os negócios familiares têm destaque neste cenário? Por privilegiarem o planejamento e o investimento de longo prazo. Por desenvolverem relacionamentos duradouras, prevendo o futuro. Por se adaptarem à realidade, como as exigências próprias de mercados globalizados, competindo com empresas locais e internacionais. A taxa de sobrevida nesse ambiente hostil é baixa: 5% das empresas familiares conseguem resistir. Por isso mesmo, têm que ser respeitadas e entendidas com atenção.


John Davis destaca cinco hábitos para o sucesso empresarial:


1. Priorizar as necessidades financeiras do negócio (o coletivo prevalece sobre o individual).
2. Defender e compartilhar valores duradouros que sejam respeitados e praticados.
3. Controlar os gastos, com foco nas expectativas de longo prazo. Os gastos imediatos sem planejamento enterram empresas sem gestão financeira criteriosa.
4. Diversificar investimentos, para ter fonte extraordinária de renda.
5. Criar sistema de governança. A liderança tem que estar apoiada por uma boa gestão qualificada, para garantir a execução das políticas e modelo de gestão em todos os níveis institucionais.

Entusiasmo, educação e geração de riqueza


Na fórmula original de sucesso da Leite de Rosas entram valores como entusiasmo e dedicação, características naturais e relevantes de seu fundador, transmitidas para as gerações que o sucederam nos negócios. Por isso, comunicação e relacionamento são tão importantes no processo de continuidade institucional.


Marshall Goldsmith diz que se, ao voltar do trabalho, uma pessoa reclama junto da família sobre a rotina profissional, a tendência é os filhos não quererem repetir a história de sacrifício. É preciso entender que - muitas vezes - o profissional desmotivado pode, inconscientemente, atuar como um detrator, ao invés de um formador de opinião convergente aos valores e negócios institucionais. Comunicar satisfação e a importância do negócio em que se atua são fatores que contribuem para o sucesso!


Para finalizar, com chave de ouro esta reflexão, George Kohlrieser explica a importância da capacitação e da qualificação dos gestores para que as transições de administração sejam o mais natural possíveis. O organismo empresarial - pleno de vida e interconexões - precisa ser respeitado, para que possa funcionar plena e saudavelmente por muito tempo e perpetuar o processo de geração de riqueza para todos.

Para assistir à reportagem de Mundo S.A, clique aqui.