domingo, 12 de agosto de 2012

MEU PAI ENSINOU!


Última sexta-feira, durante um curso em Brasília, num auditório de adultos, um lamento se destaca entre diferentes comentários:

- Meu pai não me ensinou Educação Previdenciária!

E eu fico pensando... será? Porque não foi exatamente com esse nome, mas foi exatamente em casa que eu aprendi a economizar. Foi meu pai quem primeiro arrumou um cofre em formato de casa (um tanto exagerada) de madeira. Na fenda da chaminé eram colocadas as moedas. E outras regras domésticas pouco simpáticas, porém inteligentes: feche a torneira! apague a luz! seja rápida no banho! Naquele tempo isso tudo não tinha o nome de recurso não renovável, mas já era um bem precioso.

Tenho quase cinquenta anos e lembro claramente de um dos símbolos da minha adolescência: a caderneta de poupança. Os jingles:

"Dê para quem ama um cofrinho da Delfin".

"O tempo passa, o tempo voa e a poupança Bamerindus continua numa boa"

Minha família é descendente de imigrantes italianos, refugiados no Brasil por causa da guerra na década de 1910. Por causa os hábitos econômicos deles, aprendi os primeiros conceitos de reciclagem, muito antes de a palavra surgir e virar moda na década de 1990. Ah! Não sei não! Talvez as pessoas sejam desatentas às atitudes, ao conteúdo e apegadas às expressões, à forma.

Mesmo que o pai tenha sido mais permissivo e deixado escapar a lição, tem outra figura importante nessa história: o professor. Dele ninguém escapava. E eu acho pouco provável que alguém da minha idade ou mais velho que tenha tido um professor consumista. Difícil! Não combina com a profissão... Ou talvez a minha vida seja um raríssimo caso de golpe de sorte!

Porque meus professores - da rede pública de ensino - ganhavam pouco, mas davam o EXEMPLO. Mesmo que quisessem, seria inverossímil qualquer apologia ao consumo. A escola de classe média, num bairro pobre, também tinha um orçamento muito controlado. Depois, quando cheguei à faculdade, meus recursos eram próprios e, claro, extremamente restritos. A universidade, na década de 1980, tinha uma orientação socialista! Precisa mais argumento? Porque tem: na década de 1980 o movimento sindical em São Paulo tinha vínculo com uma elite intelectual. Então, o desapego bicho-grilo era moda entre os universitários! Memórias engraçadas agora! 

Tudo junto e misturado

Acho que as pessoas ainda vêm Previdência como uma escolha segregada do cotidiano. Mas - de verdade - ela está tanto nos detalhes, no valor das moedinhas, quanto nas grandes decisões: investir em um plano de aposentadoria, substituir o prazer imediato pelo consumo sustentado. É uma atitude diferenciada, estruturada por meio de todas as informações que se tem.
A Educação Previdenciária, formalmente, começou no Brasil somente em 2008. Os resultados já começaram a aparecer, mas ainda atingem pouquíssimos brasileiros. Portanto, vai levar algum tempo até que todos tenham - e queiram - o acesso a ela. 

Enquanto esse fato é um porvir, aproveite que hoje é Dia dos Pais e faça um bom exame de consciência. Pense no quanto Esse Cara fez por você! Será que - negando o gasto excessivo naquele par de tênis de grife, naquele presente de Natal, naqueles supérfluos da compra de supermercado que você caprichosamente julgava não sobreviver sem - ele não estava lhe dando uma lição de amor e de Educação Previdenciária?

Nenhum comentário:

Postar um comentário