Domingo amanhece mais silencioso do que os demais dias da semana, porque a avenida onde eu moro se transforma parcialmente em via de ciclistas. Gosto de lembrar que Albert Einstein tem analogia bacana, relacionando vida e bicicleta.
Ontem, o Facebook publicou uma foto de Einstein que eu não conhecida. Já li algumas biografias dele, mas nenhuma publicou essa foto dele com os cabelos razoavelmente alinhados e calçado com descabeladas pantufas. O grande cientista irreverente em todos os momentos de sua vida. Para Einstein, nunca faltaram atitude e profundidade. Acho que era essa a combinação explosiva que sempre resultava em liberdade para a audácia e o desregramento. Até hoje suas fórmulas e equações trazem respostas às necessidades e dúvidas humanas.

Sem liberdade, sem ingenuidade
A possibilidade de atuarmos segundo papéis definidos não significa que estamos livres de escolher. Seria fácil demais viver sem a responsabilidade do livre arbítrio, como eterna vítima das circunstâncias.
Talvez a maior consciência sobre o impacto de nós mesmos sobre essa rede invisível e interdependente que nos conecta a tudo nos ofereça sensação de maior possibilidade de escolha de palavras, pensamentos, sentimentos e atitudes.
Einstein foi único, como eu e você, cara pálida! Diferente de nós, ele foi um esteta da Ciência. Por isso, ele interpretava e expressava com uma precisão incomum as manifestações da ultrassimetria. "Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se me revela".
Brincar com a imprevisibilidade da vida
Esta semana assisti a uma entrevista com Paulo Mendes da Rocha, para o programa Casa Brasileira, da GNT. Ganhador do prêmio Pritzker, o arquiteto brasileiro assina projetos que integram o público e o privado, a casa e a cidade, o homem e a natureza, o concreto e o abstrato. Descobri que o Butantã, bairro onde eu moro em São Paulo, tem duas obras do arquiteto. Sou vizinha de uma delas: a Galeria Leme (clique aqui para saber mais).

Numa interpretação filosófica sobre o ato de fazer seu próprio trabalho, suas criações estéticas e arquitetônicas, Paulo diz que o desafio é dialogar de forma lúdica "com a imprevisibilidade da vida". O posicionamento parece diametralmente oposto ao de Einstein mas, olhando bem, eles são complementares. Para o arquiteto, o maior e mais verdadeiro monumento que o homem construiu foi sua atitude de ocupar espaços na natureza.
Para mim, comunicadora preocupada em ocupar territórios em corações e mentes, escolhi criar e desempenhar um papel de escriba para registrar um diálogo imaginário que se estabelece entre o pensamento de Einstein e Paulo Mendes da Rocha e me diz que:
- sim! tenho escolhas que definem o meu papel na história;
- sim! as minhas escolhas são decisivas no alinhamento da pressão externa com a necessidade interior de expressão e consequente definição do meu papel na minha história;
- não! ainda não sei se tudo é previsível ou imprevisível. Na verdade, acho que a precisão desse nome pouco importa.
Mas, definitivamente, o silêncio me ajuda a manter o equilíbrio diante desse movimento que se chama vida!
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