domingo, 16 de setembro de 2012

UM PAPEL NA HISTÓRIA DA VIDA

"Viver é como andar de bicicleta. É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio".

Domingo amanhece mais silencioso do que os demais dias da semana, porque a avenida onde eu moro se transforma parcialmente em via de ciclistas. Gosto de lembrar que Albert Einstein tem analogia bacana, relacionando vida e bicicleta. 

Ontem, o Facebook publicou uma foto de Einstein que eu não conhecida. Já li algumas biografias dele, mas nenhuma publicou essa foto dele com os cabelos razoavelmente alinhados e calçado com descabeladas pantufas. O grande cientista irreverente em todos os momentos de sua vida. Para Einstein, nunca faltaram atitude e profundidade. Acho que era essa a combinação explosiva que sempre resultava em liberdade para a audácia e o desregramento. Até hoje suas fórmulas e equações trazem respostas às necessidades e dúvidas humanas.

Einstein era um investigador das leis cósmicas. Ele se ocupava delas para interpretar a sociedade de todos os tempos. Foi Einstein quem sintetizou a expressão cirúrgica: "Deus não joga dados", que mostra como estamos atados e interligados pelo planejamento ultrassimétrico e sistêmico de uma Lei Universal. "Não creio, no sentido filosófico do termo, na liberdade do homem. Todos agem não apenas sob um constrangimento exterior, mas de acordo com uma necessidade interior". A ultrassimetria alinha a energia interna à força externa. 


Sem liberdade, sem ingenuidade

A possibilidade de atuarmos segundo papéis definidos não significa que estamos livres de escolher. Seria fácil demais viver sem a responsabilidade do livre arbítrio, como eterna vítima das circunstâncias.

Talvez a maior consciência sobre o impacto de nós mesmos sobre essa rede invisível e interdependente que nos conecta a tudo nos ofereça sensação de maior possibilidade de escolha de palavras, pensamentos, sentimentos e atitudes.

Einstein foi único, como eu e você, cara pálida! Diferente de nós, ele foi um esteta da Ciência. Por isso, ele interpretava e expressava com uma precisão incomum as manifestações da ultrassimetria. "Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se me revela".

Brincar com a imprevisibilidade da vida

Esta semana assisti a uma entrevista com Paulo Mendes da Rocha, para o programa Casa Brasileira, da GNT. Ganhador do prêmio Pritzker, o arquiteto brasileiro assina projetos que integram o público e o privado, a casa e a cidade, o homem e a natureza, o concreto e o abstrato. Descobri que o Butantã, bairro onde eu moro em São Paulo, tem duas obras do arquiteto. Sou vizinha de uma delas: a Galeria Leme (clique aqui para saber mais).

O vídeo do episódio de Casa Brasileira, infelizmente, não está disponível na internet. Eu procurei porque queria transcrever o texto do depoimento dele. Mas vou precisar parafrasear para compartilhar duas reflexões que me agradaram sobremaneira. 

Numa interpretação filosófica sobre o ato de fazer seu próprio trabalho, suas criações estéticas e arquitetônicas, Paulo diz que o desafio é dialogar de forma lúdica "com a imprevisibilidade da vida". O posicionamento parece diametralmente oposto ao de Einstein mas, olhando bem, eles são complementares. Para o arquiteto, o maior e mais verdadeiro monumento que o homem construiu foi sua atitude de ocupar espaços na natureza. 

Para mim, comunicadora preocupada em ocupar territórios em corações e mentes, escolhi criar e desempenhar um papel de escriba para registrar um diálogo imaginário que se estabelece entre o pensamento de Einstein e Paulo Mendes da Rocha e me diz que: 

- sim! tenho escolhas que definem o meu papel na história; 

- sim! as minhas escolhas são decisivas no alinhamento da pressão externa com a necessidade interior de expressão e consequente definição do meu papel na minha história; 

- não! ainda não sei se tudo é previsível ou imprevisível. Na verdade, acho que a precisão desse nome pouco importa.

Mas, definitivamente, o silêncio me ajuda a manter o equilíbrio diante desse movimento que se chama vida!

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