Espiei, agora cedo, o Facebook. E juntei uma coleção de informações complementares e contraditórias. Fiz minha colcha de retalhos com números, grandezas, gestos, datas comemorativas, cores, desenvolvimento econômico. Se olhar bem, dá para fazer um tratado científico só com essas imagens.
Todos falam de estratégias de comunicação. Desde a medição estatística do sorriso ao prédio cor de rosa (o Instituto do Câncer em São Paulo usa a cor como alerta preventivo sobre doença entre as mulheres (clique aqui).

Tem outros números sobre orçamentos de comunicação maiores, neste período de crescimento econômico do Brasil. Tem números sobre a predominância da utilização das redes sociais entre os norteamericanos. Tem uma foto de uma biblioteca infantil itinerante na Mongólia, onde certamente existem somente políticas intuitivas de compartilhamento do conhecimento e da informação. Se quiser, cara pálida, pode chamar isso de solidariedade.
Nesta pequena colcha de retalhos, um mapa do mundo: Brasil, Estados Unidos, Mongólia. Tudo junto e misturado, fragmentado na minha página inicial do Facebook. Como a gente reconstrói o mapa mental, como tão sabiamente desafia o professor Gil Giardelli (ESPM/USP)? Essa é a resposta de US$ 1 bilhão.

Entre 2009 e 2010, eu tive a sorte de prestar serviços para o Núcleo de Pesquisa em Comunicação e Censura (NPCC/ECA-USP). Também contribui com a edição de uma pesquisa incrível sobre o tema, publicada pela Editora Interciência: Bibliotecas Públicas, bibliotecários e censura na Era Vargas e Regime Militar, da doutora Bárbara Júlia Menezello Leitão. Por isso, o tema censura é relevante no meu repertório.

A biblioteca na Mongólia não é menos relevante do que todo o conteúdo do Facebook. Ao contrário! Talvez ela contenha informações sintetizadas de muito mais qualidade do que aquilo que precisamos selecionar em nossas aventuras digitais, não é mesmo? Talvez a singeleza seja apenas uma fachada para uma bomba atômica revolucionária! Quem sabe o conteúdo que vai naquelas páginas ilustradas?
O importante é o sentido que se dá à experiência. Isso quer dizer que ainda é o ser humano, por traz do livro ou da tela de computador, smart phone ou qualquer outro suporte, que vai construir sonhos, materializar ideias, educar os demais a como prosseguir nesse processo evolutivo sempre desigual.
Uma vez, numa livraria, eu folheava uma obra que, por preguiça, deixei de comprar. Não anotei o nome. Portanto sem chance de ter a informação correta para mim e para compartilhar aqui. Só posso parafrasear. Mas o trecho que eu li dizia que, em razão do compartilhamento de alimentos, nos tempos mais primitivos, o homem terminou desenvolvendo também a comunicação. Socialização e sobrevivência, comida e informação. Alimento para o corpo e para a alma.

"Eu tava aqui pensando, pensando, pensando
No ano 2020 eu vou ter o que? 72, 73 anos?
Vai ser tudo igual, tudo tudo igual!
Perto do fogo, eu queria estar perto do fogo.
No umbigo do furacão e no peito um gavião.
No coração da cidade, defendendo a liberdade.
Eu quero ser uma flor, nos teus cabelos de fogo.
Quero estar perto do poder eu quer estar perto do fogo, fogo, fogo, fogo, meu amor".
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