quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A INCOERÊNCIA DE TODOS NÓS

Acho que cabe ao pensamento científico essa responsabilidade pelo grande valor que se atribui à coerência. Os experimentos científicos normalmente precisam de condições estáveis para que possam ser reproduzidos. Mas a natureza obviamente não é tão estável assim. Por isso, quando necessário, o homem submete a natureza à sua vontade, altera as condições originais e cria seu fenômeno artificialmente. Esse procedimento funciona mas tem impactos, porque as Leis da Ação e Reação, Causa e Efeito são muitíssimo coerentes.

A ironia maior é que o homem consegue submeter a natureza alheia mas falha ao se submeter ao mesmo processo. Porque essa coerência forçada, essa simplificação racional são transformações efetivas mas que fazem da evolução um processo vulnerável e imperfeito, tal qual o próprio homem.

A longevidade, por exemplo, é uma dessas alterações, cujos impactos são extremamente complexos. Inspirada pelo mito e pela ambição humana pelo imaginário do mito jovem para sempre, a medicina e outras técnicas conquistaram essa nova realidade para grande parte das PESSOAS no Planeta.

Os comportamentos próprios do campo da saúde - hábitos saudáveis, prática de atividade física, acompanhamento médico preventivo - foram educados e estão incorporados. Os próprios empregadores compraram a ideia e incorporaram em suas Políticas de Recursos Humanos.

Longevidade e prosperidade

Mas, para que essa história tenha um final feliz, falta ainda um movimento. Pessoas que vivem mais, precisam de mais dinheiro para subsidiar toda essa permanência no Planeta. Esse é o preço! Trabalhar mais é uma possibilidade - pouco atraente - para saldar a conta. Ninguém parece muito interessado na alternativa. Basta observar o que aconteceu com a popularidade do ex-presidente  Nicolas Sarkozy quando aumentou para 62 anos a idade mínima para aposentadoria na França. Silvio Berlusconi, na Itália, também precisou recorrer à mesma medida, para enfrentar problemas com a Previdência Social.

Outra medida menos drástica, porém que exige um acompanhamento permanente, muito empenho e disciplina chama-se EDUCAÇÃO. Foi assim que a medicina obteve sucesso na mudança de hábitos das PESSOAS. É assim que se pode fazer com que sejam adotados novos hábitos mais conscientes e responsáveis com relação ao consumo e à sustentabilidade da vida, não importa o quanto ela possa ser longa.

Para isso, é preciso que políticas públicas assumam a dianteira no processo de reinterpretar  junto à sociedade o mito que associa consumo predatório e cidadania. Essa combinação é o extremo do imediatismo, do egoísmo, do medo, do desrespeito, da intolerância. O comportamento previdente é aquele que busca o bem-estar com equilíbrio sempre. A interdependência é uma de suas premissas elementares e a qualidade de vida uma de suas metas. O dinheiro é um meio - não um fim - para que a vida possa se realizar. 

Uma vez que as políticas públicas estejam alinhadas nessa direção, os empresários - principais atores que mobilizam os grandes capitais e naturalizam comportamentos - precisam comprar essa ideia e multiplicar bons hábitos financeiros. Claro, é só um artifício, mas do bem! E em pequenos e bons artifícios os movimentos da evolução se apoiam e fazem o homem se superar entre as espécies, apesar de todas as suas incoerências e imperfeições.

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