sábado, 17 de novembro de 2012

DEMOCRACIA SOCIOCÓSMICA DA COMUNICAÇÃO


Ler Leonardo Boff é mais do que satisfação, conhecimento e informação. Trata-se de uma experiência de revelação. Ontem, quando fiz o post sobre comunicação e compartilhamento, ainda não tinha consciência da concepção de Leonardo Boff sobre a relevância da comunicação para a emancipação do ser humano.

Claro, não é só ele quem trabalha com essa associação. Mas a expressão de Boff tem aquela clareza e beleza transcendentes, o engenho e arte aristotélicos potencializados para a transformação do outro. Diz Boff:


"Quanto mais o ser humano se comunica, sai de si, se doa e recebe o dom do outro, mais pessoa ele é".

Para quem está diretamente envolvido nos processos operacionais de comunicação, essa lição é muito significativa. Como produtor de conteúdo - por exemplo de um jornal, de um blog, de uma revista, de um portal, de uma cartilha - o movimento é principalmente do autor, num esforço de conquistar corações e mentes dos leitores. 

Mas, quando o trabalho é de TV corporativa, o movimento ganha outra dimensão e o autor passa a estruturar caminhos para que o outro (entrevistado) se manifeste como formador de opinião e a mensagem comum (de autor e formador de opinião) conquiste corações e mentes dos demais (telespectadores). 


"Portanto, a própria compreensão do ser humano como relação faz dele um sujeito singular (um eu) que ao mesmo tempo está em comunidade (nós). Esta realidade humana precisa ganhar uma expressão política. Além do socialismo e do capitalismo precisamos, se quisermos sobreviver coletivamente, construir uma democracia social participativa, de baixo para cima, que inclua todos". (Leonardo Boff in Civilização Planetária, destaques meus)

Claro! Em outros canais também é assim, mas o autor dispõe de outros recursos técnicos para manter o controle sobre a mensagem. A linguagem televisiva oferece alguns recursos, mas a produção acontece mais apoiada nessa relação de participação. Por esse motivo, o resultado (mensagem) é tão fascinante e surpreendente.



Comunicação e Educação Previdenciária

A Previdência Complementar ainda padece de um déficit histórico de Comunicação mais estruturada. Na Revista Fundos de Pensão 382, o professor Ivan Sant'Ana Ernandes, no instigante artigo Exposição a Riscos ou Obediência a Regras? conta o efeito nefasto do trauma dos montepios, criados no século XIX. 
"Sem regras específicas, os contratos deixaram de primar por clareza e transparência. Comercializados sem a ação, preventiva, de educação financeira e previdenciária dos atores, aí incluídos os corretores, responsáveis pela venda direta ao consumidor final. Estes últimos, sentiram-se lesados e muitos reclamaram - grande parte na justiça - direitos não previstos em contrato.
O resultado e o preço? A repulsa à proposta e à ruína da reputação e da imagem do amparo privado, complementar ao social, de triste memória até hoje lembrado por clientes ou não desses planos, vez que os primeiros passaram a atuar como testemunhas e grandes formadores de opinião contrária à previdência privada então nascente". (Ivan Sant'Ana Ernandes, Revista Fundos de Pensão 382)
A TV corporativa, sem dúvida, tem o poder de fazer superar esse efeito devastador, divulgando dinamicamente novas práticas, conceitos, posicionamentos, atitudes e soluções positivas que o Sistema de Previdência Complementar tem implementado principalmente desde 1977, quando a Lei 6435 foi editada.

Todavia, não é a TV corporativa isolada, mas integrada às redes sociais, à capacidade de ativar a decisão das PESSOAS para participar, compartilhar, multiplicar mensagens que revelem um novo modo de expressar e influenciar, atuar e contribuir para o modelo de civilização que Leonardo Boff chama de democracia sociocósmica, marcada por valores e por uma consciência de que "[...] a participação impede que a diferença se transforme em desigualdade. É a igualdade na dignidade e no direito que sustenta a justiça social. [...] São as diferenças que revelam a riqueza da mesma e única humanidade".

"O mundo do aprendizado e o mundo do trabalho devem estar integrados"


Para encerrar este post, quero destacar a afirmação atribuída a Andreas Schleicher (clique aqui), profissional da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA). "O mundo do aprendizado e o mundo do trabalho devem estar integrados"

No meu caso esta é mais do que uma constatação. Trata-se de um privilégio. Porque enquanto trabalho com comunicação, vou investigando, descobrindo, refletindo, analisando, concluindo, reformulando conceitos e percepções sobre relacionamento com as PESSOAS, estruturação de mensagem, estratégias de comunicação e tantas outras possibilidade desse ofício que é, por si só, um universo mágico. É o meu próprio calidoscópio que transforma permanentemente o meu olhar. E o meu olhar que me transforma permanentemente em um ser novo sempre!

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