segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

SUGESTÃO RADICAL A PAMPA, TCHÊ!

Dois dias sem postar! A inspiração macunaímica foi dar uma volta na esquina para se refazer, renovar... Mas tem uma coisa engraçada. Enquanto eu estava na mão, sem ideia do que escrever, Ane Casagrande (foto), minha querida amiga gaúcha, mandava o seguinte recado pelo Facebook.

Veja que bacana este aplicativo. Foi desenvolvido a pedido de um banco americano que oferece aos seus clientes previdência complementar. O mesmo foi criado com o intuito de mostrar aos clientes em potencial a importância de poupar dinheiro para a aposentadoria, dando-lhes a possibilidade de se identificarem com a pessoa mais velha que se tornarão um dia. Método, digamos assim, divertido e criativo. Não achas? 
Beijos querida! E faça a simulação... é engraçado se ver com uns 30 anos a mais rsrssrsrs

Fui experimentar, é claro! Trata-se de um simulador (clique aqui) que coloca toda espécie de vaidade à prova! Ele fotografa você e depois, por meio de software vai "tratando" a sua imagem mas, ao invés de apagar as marcas do tempo, como um Photoshop, age ao contrário: satura marcas, rugas, flacidez, olheiras, assimetrias e todas as imperfeições que um ser humano pode ter.

Pára o mundo que eu quero descer!

Criativo, sem dúvida. Minha timeline, ou melhor, timelife, brincando, ganhou sessenta anos instantaneamente. Isso significa que, em saltos de vinte em vinte anos, eu pude me ver chegando aos 107. Na simulação, ultrapassei o Oscar Niemeyer! Minha imagem alterada poderia inclusive ser compartilhada nas suas redes sociais (cruz credo!). Confesso que não fiquei inspirada e não achei tão divertida essa parte da história. Portanto, compartilhar os resultados está fora de cogitação agora! 

Além disso, achei o "encontro com o meu futuro",  como sugere o aplicativo, muito assustador. Claro! A experiência virtual tem o propósito deliberado de ser mais cruel do que a realidade, porque o tempo - como artifício dos bits - fez um estrago em mim bem pior do que a corrosão natural de quem encarou 50 anos de carreira em loucura radical, tipo os Rolling 5t0nes. 

Tudo bem! O sistema está programado para mostrar que você pode ficar frágil, debilitado, desprotegido. Então o resultado é uma versão não muito boa de você, especialmente se escolheu ser imprevidente. Sim! Porque ontem mesmo eu vi uma entrevista do Gilberto Gil que, aos 70 anos, não ostenta uma coleção de rugas como as que o simulador lhe atribui em segundos. 

Quem sabe, quando implementarem algum paliativo como atenuante por uso contínuo de cremes antiidade, muita hidratação, boas noites de sono, eu reconsidere e flexibilize minha decisão. Por enquanto, melhor evitar o desencadeamento de um surto depressivo, abafando as provas antecipadas da destruição do tempo.

De qualquer forma o simulador elucida e ilustra com propriedade o conteúdo de um texto sobre Economia Comportamental que consta do Livro Técnico do 32º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão, lançado em 2011. O título é Como a Psicologia pode salvar você de você mesmo! Poupar para a aposentadoria requer um empurrãozinho..., de Éder Carvalhaes da Costa e Silva, mestre em Administração e Vice-Presidente da Visão Prev. O artigo traz a definição:
Fortemente baseada nos princípios da psicologia social e cognitiva, a Economia Comportamental analisa a maneira pela qual as pessoas tomam decisões. Um conhecimento mais profundo sobre as razões que levam as pessoas a fazerem aquilo que fazem, permite que as empresas promovam mudanças positivas em seu benefício de forma mais eficaz, melhorando os resultados, diminuindo custos e atingindo seus objetivos. É a ciência do comportamento, estudada de forma pioneira por John B. Watson em 1913, aplicada à força motriz da sociedade do conhecimento, a economia.
Já em 2011, Éder Carvalhaes avisava sobre a investigação de avatares como recursos auxiliares para a venda de planos de seguro de vida e Previdência Complementar. Pois é! A Ane Casagrande descobriu um aplicativo que, além de nos colocar cara a cara com o próprio avatar, ainda oferece informações estarrecedoras sobre o aumento do custo dos automóveis, do combustível, das passagens aéreas, das despesas que compõem o orçamento doméstico. Ou seja: um futuro pouco amigável para todos, mas cruel para quem é negligente e inconsequente em relação às escolhas e decisões. Por isso, o banco possui serviços institucionais que ajudam o cliente a administrar as próprias finanças.

Ai que preguiça!

Esses aplicativos servem como um choque funcional de hiper-realidade especialmente para quem tem tendência a adiar decisões. Éder Carvalhaes nomeia e explica essas características: procrastinação e inércia.
Muitas vezes essa falta de ativismo do participante é justificada pela baixa educação financeira do brasileiro. Também não podemos esquecer a taxa de juros. Claro! Décadas de juros altos criaram uma geração acostumada a obter altos retornos na renda fixa sem precisar correr os riscos do mercado de ações.Essa é outra boa razão apontada pelos especialistas para o desinteresse do participante pelos investimentos. Em um ambiente assim, tanto faz o plano oferecer escolha ou não para os participantes investirem suas contribuições.
De 2011 para 2012 as coisas mudaram e muito! Juros baixos, investimentos multiperfis, redução das metas atuariais, planejamento sustentável de vida, saúde financeira como indicador de produtividade são apenas alguns sintomas que consolidam o que em 2011, Éder Carvalhaes apontava como tendência.

Porém, entre utilizar o medo como instrumento e emancipar as PESSOAS por meio da Educação para que elas tomem decisões sustentadas, eu serei sempre partidária da segunda prática. Isso significa que vejo com restrições os métodos estudados pela Economia Comportamental. Acredito paternalistas, suspeitas e até temerosas as estratégias  de manipulação  institucionalmente adotadas para "proteger" o cliente de si mesmo - independentemente do grau, da interatividade, do entretenimento e demais mecanismos.

Não sei afirmar com convicção - preciso consultar a opinião de algum advogado - mas sei que existe risco jurídico neste "inofensivo" simulador. Senão você não teria de concordar com um termo de uso, que indica o sistema somente para maiores de 18 anos. 

Entendo, porém, que estamos em busca de efetividade na expansão do Sistema de Previdência Complementar. Por isso, tanto a diversidade de iniciativas e soluções para abordar o potencial participante, quanto às várias predisposições e tolerâncias para com as técnicas que estamos colocando em ação têm de ser reconhecidas como propostas legítimas e válidas! 

Então, agradeço, de coração a Ane Casagrande por mais uma dica via redes sociais e a Éder Carvalhaes da Costa e Silva pelo valiosíssimo repertório que, graças a Deus!, você compartilhou pelas formas convencionais de Educação!

2 comentários:

  1. Grande Eliane, onbrigado por ter me referenciado em seu belo post (acima). Assim como você, sou fã da prática de compartilhar aquilo que aprendemos.

    Beijo e [ ]s
    Eder.

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    1. Caríssimo Eder,

      eu é que agradeço pelas lições! No ritmo intenso, a gente nem sempre percebe o valor que elas agregam. Mas o conhecimento é generoso e sempre dá oportunidade para mostrar a transformação e o impacto de cada nova informação sobre o repertório que nos distingue e nos torna singulares. Por favor, continue compartilhando conosco esses pensamentos radicais! E faça a simulação também. O aplicativo é exagerado, mas vai na linha do que você nos antecipou. Beijos

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