segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O FUTURO E O AMOR


Perdi o sono nesta madrugada de domingo de Carnaval. Devia ter ligado a televisão para assistir ao desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Afinal sou brasileira! Mas fiquei com vontade de desfrutar o silêncio. E escolhi terminar a leitura do livro Nossa sorte, nosso norte - para onde vamos?, de Flávio Gikovate e Renato Janine Ribeiro.

Eu já tinha escrito antes sobre essa obra que, a partir da análise da tecnologia e das redes sociais resgata as relações e as PESSOAS que estão nos bastidores deste palco. Trabalho belíssimo desses dois pensadores brasileiros que escolheram o formato de diálogo colaborativo para construir essa reflexão tão comovente da transformação da sociedade pós 1960.

A reflexão é riquíssima sobre diferentes aspectos: econômicos, sociais, políticos, comportamentais, biológicos, psicológicos, filosóficos. Acho que o sabor que esse saber deixa é a reavaliação da relação com o tempo, que se transforma e amplia vertiginosamente.   Então, até a Revolução Industrial, o homem tinha uma relação mais natural com o tempo. O fenômenos pareciam mais estáveis. Mas o trabalho, a produção em escala e a competição predatória - leis do capital - impuseram artifícios para dar a sensação de mais velocidade ao tempo. E as PESSOAS se perdem nessa convulsão e exaustão. Como explica Flávio Gikovate:
"Em vez de essa sociedade do consumo ser uma sociedade do prazer, é uma sociedade do sofrimento e que gera um vazio. Todos ficam insatisfeitos e vazios". 
A aceleração chegou a um ponto em que a experiência superou a sensação substituiu o prazer da aventura pela insegurança e a ansiedade da incerteza. Sempre houve crise. Entretanto a aceleração faz com que a percepção de mudança seja permanente, ainda que esse mesmo imaginário também projete a segurança, a estabilidade como utopia e não como um valor que pode ser conquistado e construído.

Novos mapas para buscas antigas

Felicidade é o nome de uma busca atávica. O Carnaval, cara pálida, é só uma dessas expressões. Aliás, o Carnaval é prova que a felicidade é resultado de um processo colaborativo, cooperativo, participativo. O Carnaval é também uma amostra de que, como afirma Renato Janine Ribeiro: "[...] a sociedade é bem mais ampla do que nossa família". 

Ampla, diversa, controversa, interdependente. Por isso, a formação das PESSOAS precisa passar a evidenciar o impacto de suas próprias escolhas. Por que? Para melhorar a qualidade da relação que elas podem estabelecer com o tempo, com elas próprias, com as outras PESSOAS.
"Acho que aquilo que permite construir é ter perspectiva de futuro. Quem tem perspectiva de futuro está feliz.[...] Agora, quando há grupos que não têm perspectiva de futuro [...] como eles poderiam estar felizes?
[...] Futuro não quer necessariamente ter emprego, mas a pessoa vislumbrar algum tipo de perspectiva. Em nossa sociedade o problema é haver muita gente sem perspectiva de futuro. [...] Quando as pessoas sentem que podem ter futuro, que seus esforços são recompensados, suas vidas adquirem valor.
 [...] Estamos precisando ter essa perspectiva de futuro, o que não é fácil." (Renato Janine Ribeiro, in Nossa sorte, nosso norte - para onde vamos?)
 A felicidade faz parte do nosso negócio

Para quem trabalha em qualquer área mas, principalmente com Previdência Complementar, a consciência da felicidade é mais do que compromisso. É obrigação. Trabalha-se para as PESSOAS. Ponto e basta!

A felicidade não é, como explica Flávio Gikovate, não se trata de "um futuro faraônico". Mas uma relação de qualidade com a vida. Essas são histórias que ainda serão escritas. Histórias que substituem o sofrimento, o vazio e a insatisfação pela felicidade, baseada na cooperação. Assim como substituímos a escassez pela abundância, vamos aprender a ajustar essa medida para uma abundância não renovável. Isso significa adequação de excessos, equilíbrio.

"[...] temos um repertório ainda pequeno de histórias que nos ensinam a pensar em termos éticos, ou a valorizar o amor, o amor mesmo, não a paixão - aquele amor que se baseia no conhecimento real do outro e não na minha fantasia projetada nele. Essas narrativas educam e cultivam as pessoas, são elas que nos formam para o mundo". (Renato Janine Ribeiro, in Nossa sorte, nosso norte - para onde vamos?)

Legendas:
Foto 1 - A abelha atarefada não tem tempo para tristeza! - de Lewi Moraes (para conhecer o trabalho do autor, clique aqui)
Foto 2 - Carnaval - de Wellington Campos (para conhecer o trabalho do autor, clique aqui)

Se você leu até aqui, lembre-se!

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