domingo, 3 de março de 2013

A MUTAÇÃO DA COMUNICAÇÃO

Pensadores visuais. Esta expressão - postada há alguns dias, para registrar alguns recursos utilizados pela Comunicação nos ambientes reais e virtuais - passou me dizer mais neste final de semana.

Quando eu a 'pesquei' em uma de minhas leituras informais estava sintetizando uma explicação sobre a importância das imagens para PESSOAS que não gostam de ler. Elas aprendem, então, por meio de imagens. O poder pedagógico das imagens! No Brasil, em razão de um processo histórico que legitimou o letramento, temos reconhecidas duas formas oficiais de linguagem: a escrita e a oral.

Escrevemos demais! No extremo, essa afirmativa significa que a parcela da população letrada nos moldes acadêmicos adquire uma postura protocolar, burocrática, complexa, prolixa. Falamos demais! No extremo, essa afirmativa significa que a toda a população tem uma tendência ao ruído, à retórica, à falácia. É o "Fala muito! Fala muito!", do técnico de futebol.
A gente precisa ver

Precisamos compensar essa defasagem em relação à aceitação da imagem como expressão. As instituições oficiais, especialmente a academia, são as primeiras a colocarem resistência nesse recurso tão poderoso de transmissão e difusão de informação.

Agora mesmo, estou trabalhando em uma pesquisa acadêmica na área de Nutrição que, entre estatísticas e leituras antropológicas da mudança do comportamento alimentar do brasileiro, trata da propaganda como forma de estímulo de consumo. E não há como a banca avaliadora aceitar o uso de imagem. Só tem valor a overdose descritiva. Minha dúvida: quem lê?
Assim também são os relatórios administrativos e tantos outros documentos que consomem incontáveis horas de trabalho. Quem lê? Eu, definitivamente, sou apaixonada por palavras e informações, mas questiono alguns de seus usos e, principalmente, o que a sociedade legitima ou marginaliza. 

Imagem: preparo para a telepatia

Esta semana, uma experiência entre ratos - um no Brasil, outro nos Estados Unidos - deu mais uma prova do brilhantismo do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis (para saber mais, clique aqui).

A telepatia artificial que Miguel Nicolelis testou com sucesso e confirmou que o aprendizado por meio de imagens é intuitivo. O rato brasileiro transmitiu ao americano uma experiência de uso por uma aparente e fantástica sequência de associação de imagens. 

Diante desse acontecimento científico, lembro de cenas de filmes em que pintores, em silêncio, contemplam e estudam uma paisagem antes de as retratar. Eles sentiam e passavam para a tela, mais do que a imagem, uma experiência sensorial, que pode ser traduzida como valor. A cena em si só ele poderia experimentar. Mas valor daquelas informações ele conseguia perpetuar. Isso é o que precisamos, antes de tudo, reconhecer, para aprender a registrar e a compartilhar, qualquer que seja seu suporte.

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