segunda-feira, 22 de abril de 2013

APOSENTADORIA: UMA IDEIA QUE CAUSA ESPANTO

A longevidade é um fenômeno relativamente recente, desencadeado principalmente pelos avanços da Medicina. Talvez seja pela novidade, as PESSOAS ainda ignorem ou mesmo resistam às demandas que viver mais acarreta. Hoje o Diário dos Fundos de Pensão (clique aqui) publicou matéria sobre mais uma edição da pesquisa global O Futuro da Aposentadoria - Investindo na Aposentadoria - considerada o maior estudo internacional sobre o envelhecimento - realizada pelo HSBC (clique aqui).

Li a matéria e síntese da pesquisa no hotsite. Algumas constatações não são exatamente novidade. Mas o otimismo registrado pela pesquisa é, no mínimo, curioso. Segundo Stephen Green, chairman do Grupo HSBC, que assina o prefácio da pesquisa:

"As pessoas em todo o mundo não estão apenas vivendo mais, mas também estão esprando mais de seus anos na velhice. Esse é um fenômeno percebido em todo o mundo, potencializado pelos avanços da medicina, por uma comunidade global cada vez mais conectada e por uma redução mundial dos níveis de pobreza".
Pela perspectiva da Comunicação, o que me chama a atenção é essa influência das novas tecnologias da informação sobre o comportamento das pessoas. Talvez seja por esse motivo que a pesquisa aponte que a família seja identificada como um dos pilares de apoio e sustentação durante a aposentadoria. O meu estranhamento deve-se a outro dado - mas das pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): o Brasil, especialmente nas grandes cidades, as famílias são cada vez menores!

Interpreto estes fatos de duas formas: 1. há uma distorção da percepção das PESSOAS que supervalorizam a solução doméstica para a gestão financeira no longo prazo; 2. a distorção pode ser resultado de uma sensação de família virtual - o que pode ser muito temeroso, em se tratando de gestão financeira. Mas confesso que são interpretações que devem só dar início a uma discussão ampliada, com foco na Educação Previdenciária.

Outra discussão interessante registrada por Clive Bannister, um dos diretores do HSBC, é sobre os diferentes significados e expressões para visão de futuro:
"[...] planejar o futuro significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Nossa atitude sobre aposentadoria mudou tanto em relação ao tempo de trabalho quanto a como pensamos em gerenciar nossas economias. Nossa visão de poupança, pensões, seguros, investimentos e planejamento de herança é diferente daquela das gerações que nos precederam".
Essa constatação desconstrói expectativas de quem realiza Programas de Educação Previdenciária focados em abordagens clássicas e restritas, buscando resultados imediatos e uniformes. É evidente que, por terem começado recentemente, os modelos de Educação Previdenciária no Brasil ainda estão em desenvolvimento. Entretanto, há que se ter consciência sobre seus efeitos limitados, caso não sejam associados a um movimento mais amplo de mobilização.

Políticas públicas

Existe um papel estratégico que deve ser desempenhado com critério para conciliar a realidade de um esgotamento do sistema de financiamento oficial das aposentadorias com a expectativa das PESSOAS que, até então, foram 'educadas' a entender o Governo como principal provedor daquele benefício.
"Mundialmente, a pesquisa mostrou que apenas a minoria das pessoas é a favor de reduzir o valor dos benefícios e pensões do sistema público como forma principal de sustentar uma população cada vez mais idosa e, em nenhum lugar, esta é a opção preferida. Na realidade, apenas 7% dos respondentes acreditam que os governos deveriam reduzir o valor dos benefícios e pensões do sistema público como forma de financiar o número crescente de aposentados. Para cerca de 10%, os impostos devem ser aumentados e para cerca de 20% a idade de aposentadoria deve ser aumentada. Entre 20% dos trabalhadores e 28% dos aposentados não têm certeza de qual dessas iniciativas os governos devem adotar como sua primeira prioridade".
A confusão em relação ao posicionamento individual é generalizada. Isso mostra que não é apenas o brasileiro que superestima ou desconhece o impacto do papel oficial na esfera individual. 

Por isso, as políticas públicas de Educação exigem uma transformação radical. A Previdência Oficial e Complementar precisam ser disciplinas integradas aos currículos escolares, especialmente os acadêmicos. No Brasil, há que ser ter um capítulo sobre a FUNPRESP, implantada em 2012. Penso que muitos jovens universitários se dedicam a prestar concursos públicos. E essa seria uma forma de divulgar o modelo brasileiro, em suas diferentes formas, desde 1977.

Preparar as PESSOAS para entender os processos e facilitar decisões é a melhor - senão a única - maneira de protegê-las em relação à vulnerabilidade da estrutura e também em relação à vulnerabilidade de influências nefastas difundidas por detratores e agentes de má-fé, que atuam em causa própria às custas do despreparo e da ingenuidade das PESSOAS.

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