quarta-feira, 17 de abril de 2013

NÚMEROS: QUANTA INDEFINIÇÃO!

Menina se equilibrando. 3D de Leon Keer
Há muito tempo sustento uma diferença declarada e justificada com os números! Explico: eu não consigo entender. É mais do que fazer contas. Minha Matemática Elementar consegue resolver os problemas mais prosaicos, mais por um processo de aproximação do que por precisão.

Isso quer dizer que: sei que 2 + 2 = 4. Se for mais eu não pago! Se for menos, fico feliz. Com base nessa lógica de padaria, consegui me virar um pouco na vida. Mas, tem coisa que vai muito além disso. Eu sei! Por isso, quando os juros começaram a cair no Brasil, para acompanhar os movimentos dos países desenvolvidos, prestei bem atenção naquilo que o economista Marco Antônio Maciel previu como comportamento da inflação. Já em 2012 ele conseguiu antecipar que o desafio era manter a inflação sob controle durante o período de ajuste dos juros.



Estou escrevendo isto porque hoje deparei com duas notícias diferentes. Uma delas é do Diário dos Fundos de Pensão e diz que a Educação Previdenciária deve preparar as PESSOAS para entender o impacto da queda da taxa de juros sobre os rendimentos dos planos previdenciários. Trata-se de uma orientação da Mercer, consultoria especializada em Previdência Complementar (clique aqui). A outra notícia é de O Estado de S. Paulo, sobre a possível decisão da presidente Dilma Rousseff em voltar a aumentar as taxas de juros para controlar a inflação (clique aqui). 

Lembro que, há poucos dias, estava lendo um texto denso do sociólogo polonês Zygmunt Bauman que advertia:


Pintura 3D. Por Joe Hills
Numa sociedade líquido-moderna, as realizações individuais não podem solidificar-se em posses permanentes porque, em um piscar de olhos, os ativos se transformam em passivos, e as estratégias de reação envelhecem rapidamente e se tornam obsoletas antes de os atores terem uma chance de aprendê-las efetivamente. Por essa razão, aprender com a experiência a fim de se basear em estratégias e movimentos táticos empregados com sucesso no passado é pouco recomendável: testes anteriores não podem dar conta das rápidas e quase sempre imprevistas (talvez imprevisíveis) mudanças de circunstâncias. Prever tendências futuras a partir de eventos passados torna-se cada dia mais arriscado e, frequentemente, enganoso. É cada vez mais difícil fazer cálculos exatos, uma vez que prognósticos seguros são inimagináveis: a maioria das variáveis das equações (senão todas) é desconhecida, e nenhuma estimativa de suas possíveis tendências pode ser considerada plena e verdadeiramente confiável. (Bauman, Z. in Vida líquida)
Fico pensando em como explicar para as PESSOAS essas flutuações, instabilidades e imprecisões? Eu mesma precisei dedicar um Mestrado aos indicadores quantitativos para entender a relatividade das coisas. O fato é: não é porque a realidade seja imprecisa que você não possa fazer planos. Aliás, é por isso mesmo que o planejamento é ainda mais útil para enfrentar situações de emergência com uma construção palpável. 

O precipício e o fim escatológico da humanidade podem ser também uma ilusão de ótica.A realidade líquida e mutante não é motivo suficiente para que se abandone completamente a perspectiva de se realizar os melhores sonhos.
Migração das borboletas Monarcas 
Como estou envolvida com algumas questões sobre estratégias de adesão a planos previdenciários, tenho pensado em muitos argumentos que fazem a diferença num momento de decisão. Sei, por exemplo, que a experiência de comprar um carro que dura, em média, cinco anos, exige - no mínimo - o investimento de uma manhã ou uma tarde inteiras, mais os ajustes subsequentes para quitação de dívida e emissão de documentos. 

Já a experiência de adesão ("comprar") a um plano previdenciário que idealmente deve durar, em média, 30 anos de acumulação, mais uns 30 anos de fruição, é feita em 20 minutos ou, na melhor das hipóteses, 1h30. 

Por isso, não sei se concordo que as PESSOAS precisem saber prioritariamente sobre o impacto da dança dos juros e da inflação sobre os rendimentos do plano. Isso é importante, é sistêmico mas, dependendo de como é dito, pode exterminar qualquer impulso ou estímulo natural de adesão à ideia de poupança previdenciária. Acho que devemos trabalhar para criar um imaginário que coloque a atitude previdenciária em uma perspectiva positiva e de engajamento consciente, especialmente em cenários de crise, que reconhecidamente proporcionam chances e as oportunidades de evolução.

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