terça-feira, 5 de novembro de 2013

CONFIANÇA & ACORDO: DOIS VALORES DA COMUNICAÇÃO

Capa de revista norteamericana assinada pelos grafiteiros Banksy e OsGemeos
Trabalhar com Previdência Complementar é um desafio contínuo. Esta semana, faço TV ABRAPP para o 2º Seminário A Integração dos Órgãos Estatutários na Governança (clique aqui). A programação é muito bacana e envolve temas como gestão de riscos, comunicação estratégica e sustentabilidade.

Vai ser uma experiência interessante, porque vou a ela profundamente influenciada pela palestra e pela leitura de Viviane Mosé. No livro O homem que sabe, Viviane recupera a gênese dos movimentos que transformaram o homem em ser pensante. Então, entre outros temas, ela vai às raízes da Comunicação para nos contar que, naquele tempo, o homem era:
"[...] frágil diante dos inúmeros desafios impostos por uma natureza exuberante, o homem encontrou a força de sua sobrevivência na vida em grupo. É o agrupamento, a reunião, que torna possível a continuação da espécie; portanto, foi a necessidade, diz Nietzsche, a penúria, que terminou por impor a vida em sociedade. Mas, para viver junto, era preciso aprender a entrar rapidamente em acordo; foi a força da necessidade da comunicação, imposta pela vida em sociedade, que fez nascer a linguagem articulada; para entrarem em acordo, era preciso que se entendessem de forma rápida, que soubessem o que estavam dizendo". Viviane Mosé em O homem que sabe, p. 41 e 42
O homem, então, se superou, para sobrepujar os riscos e garantir sua sustentabilidade, por meio da Comunicação! Bom, a Viviane avança e conta sobre a evolução: os heróis mitológicos! O que distinguia um herói era uma resistência incomum ao sofrimento, uma superação das circunstâncias. A autora recorre a Friedrich Schiller para explicar o raciocínio:
"Os heróis são tão sensíveis aos sofrimentos da humanidade como qualquer pessoa, o que os faz heróis é justamente o fato de sentirem o sofrimento intensa e intimamente, sem que este os subjugue. Amam a vida tão ardorosamente quanto nós outros, mas este sentimento não os domina a ponto de não poderem sacrificá-la quando o exigem os deveres da honra ou da humanidade" Viviane Mosé em O homem que sabe, p. 61
Eu traduzo essa reflexão como visão de longo prazo. O herói vê além das circunstâncias! E acho que é isso que este seminário, em síntese, vai querer compartilhar. Não desta forma, não com essas palavras, evidentemente. Mas, pela minha experiência empírica com Comunicação Previdenciária, os gestores precisam ser resistentes em um momento de queda de taxa de juros, demanda por diversificação, aumento de risco nos investimentos, mais pressão. Porque, como vimos na TED do sociólogo Barry Shwartz, publicada no post anterior, a expectativa e a frustração aumentam conforme vamos tendo mais oportunidade de escolha. Isso quer dizer: insatisfação do participante. Sim! Porque ele não vai amadurecer instantaneamente. Nem os jovens, nem os velhos.

Qual é a saída? Uno, dos, tres!

Primeiro: atitude. É preciso muita consciência para saber que historicamente só existe uma crise. A despeito da mídia, que sobrevive e se capitaliza por meio das multiplicação das crises, há cientistas, como Fritjof Capra, que afirmam que não vivemos múltiplas crises, e sim uma só: a crise de como percebemos o mundo. É claro que, para conquistarmos essa perspectiva, precisamos avaliar mais profundamente as circunstâncias e legitimarmos sua complexidade. E isso leva tempo, mas todo processo educativo vale à pena!



Segundo: não dá para alimentar "medinho" a cada instabilidade. O maior risco é assumir o papel de detrator da Economia, do Mercado Financeiro, da própria gestão, dos colaboradores, dos demais líderes. Então, coragem! A melhor estratégia é fortalecer a confiança, observando os resultados históricos (o gráfico do post anterior ajuda na revisão da perspectiva). O herói tem empatia, mas vê além! Ele não pode desesperar a cada instabilidade da história.


Terceiro: o homem das cavernas já sabia a fórmula: a-c-o-r-d-o! Tem que entrar em acordo para sobreviver! Já passou do tempo de reconhecer que - se historicamente os fundos de pensão têm dado resultado positivo - é porque existe uma rede complexa de negociação e sustentação das decisões. No seminário de 2012, ao qual eu dediquei alguns posts aqui, o secretário da Secretaria de Políticas de Previdência Complementar, Jaime Mariz de Faria Júnior, deu uma lição vigorosa e inesquecível que, em síntese, é: estamos todos no mesmo barco. Temos que remar juntos e na mesma direção! 

E não adianta, como disse Ana Paula Peralta, da ABRAPP, ficar usando a "muleta psicológica", do "eu avisei que o barco ia afundar", sem fazer nada para mudar a situação. Aliás, muitos figurões das análises econômicas fazem um sucesso estrondoso com essa história de "muleta psicológica". Até então, eu só tinha me incomodado com isso. Mas agora estou cada dia mais impressionada com os bonitões das análises e conexões econômicas internacionais (fico me perguntando, se é tão ruim, por que é que eles ainda estão no Brasil?).

Hoje, cada vez mais, vejo as inovações em Previdência Complementar, como soma da experiência do gestor - que conhece as regras -  associada à uma capacidade de ouvir e interpretar as necessidades dos demais atores envolvidos no jogo. Ganhar é suado! Mas eles conseguem se superar. O próximo passo é ganhar a torcida!

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