sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

PELÉ E SEUS NETOS NEM-NEM


Esta nova categoria de brasileiros que começou a figurar nas estatísticas do IBGE, os nem-nem, envolve muito mais complexidade do que se pode imaginar de um rótulo, no mínimo, niilista. A família, a escola, o poder público não conseguem enfrentar a apatia das novas gerações que nem trabalham nem estudam.

Falta de perspectiva, motivação, políticas públicas, estudo de qualidade, espaço no mercado de trabalho, dinheiro, afeto... as explicações - por enquanto - são de diferentes naturezas. Distância abissal entre os mundos da Educação Pública e Trabalho Qualificado. O diploma não garante mais emprego. 

O caso de perda na Justiça da causa de pagamento de pensão por Pelé aos netos (clique aqui) certamente é o mais emblemático e aponta para decisões complexas que a sociedade tem tomado e que incentivam esse comportamento baseado em apropriação lícita do patrimônio alheio. 
O caso de Pelé foi analisado por três desembargadores. Um deles, num voto divergente, e derrotado, considerou que o dinheiro pedido pelos netos não se destinará à subsistência, mas, sim, à melhoria de suas "condições sociais". Frisou a insistência deles em obter ajuda para "conhecer a Disney".
Pelé tem 73 anos e teve uma infância no mínimo desfavorecida como a dos netos que hoje pleiteiam sua parte no patrimônio construído e conquistado com talento e trabalho. Mantido, por competência.

Perspectiva e construção

A professora da PUC-MG, Marisa Tavares Lima, no programa Palavra Cruzada, discute essa busca das PESSOAS pelo atalho, o caminho mais rápido, mais fácil. As questões são muitas e envolvem efeitos até mesmo de políticas públicas como o Bolsa Família e a revisão do modelo da Escola, que hoje foca atenções em disputas como Enem e Vestibular e projetos de sucesso relâmpago no mercado, minimizando o exercício de busca de sentidos, significados de projetos de vida de longo prazo.



Claro que a discussão é muito complexa. Mais do que respostas, pede soluções. Penso que
o espaço ficcional das telenovelas estão naturalizando nem-nens como personagens alegóricos aparentemente inofensivos. Mas o salto para a realidade fora das telas é muito pequeno e para os fatos ganharem outras proporções e escala na desorientação de comportamentos é muito simples.

Porque, frente ao imediatismo, os planos de longo prazo - baseados em disciplina, consciência, responsabilidade, inovação, empreendedorismo, coragem, dignidade - perdem apelo. Mas são eles base de sociedades mais evoluídas, como é o caso da Alemanha.

O Brasil é um país que vai, em breve, atingir um estágio sênior da sociedade, com gerações inteiras que trabalharam e pouparam para uma aposentadoria decente, um patrimônio digno, esta questão ultrapassa a medição estatística para atingir a esfera da interdependência geracional.

 Curtiu? Então, compartilhe! Lembre-se: seu clique faz a rede crescer. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário