domingo, 22 de dezembro de 2013

TRABALHADORES: FORMAÇÃO POLÍTICA NA ESCOLA OU NA VIDA?


No primeiro trimestre de 2014 começa a funcionar a Universidade do Trabalhador - plataforma de ensino à distância -  instituída pelo governo federal brasileiro. A proposta da grade curricular é, no mínimo, curiosa. Aulas obrigatórias de marxismo, socialismo e capitalismo (para saber mais, clique aqui). Segundo Manoel Dias, Ministro do Trabalho, "Estamos vivendo um período de despolitização geral no Brasil, em todas as áreas".

Eu sou uma trabalhadora despolitizada. Fiz Universidade Católica em São Paulo, antes de 1985, isso quer dizer, na transição do Militarismo para a Democracia. Então temas como exploração do homem pelo homem, luta de classes e sindicalismo são coisas que eu vi na teoria. Na prática, a consciência me trazia muito conflito. Porque, viver, de verdade, era enfrentar o mundo do trabalho, da sociedade, da cultura, com suas condições e regras próprias.

Sei que minha experiência pessoal é limitada. Mas sou mulher! E, durante muito tempo, fui criticada até mesmo pelas mulheres da família, por querer estudar um pouco mais do que as demais e ambicionar uma mobilidade cultural. Veja: somente há trinta anos, o que estava em jogo para mim era muito mais liberdade de pensamento e expressão do que independência financeira! Mas disputar espaço no mercado de trabalho também significou compreender a primazia masculina que, na prática, leva entre 30% e 40% a mais nos ganhos sobre o mesmo trabalho realizado. Isso tem um impacto considerável para uma trabalhadora que, por exemplo, tem planos modestos para adquirir qualquer bem durável, como um imóvel.

Política: a arte do possível

Revolta? Claro! Mas ao invés de me levar à militância, a revolta me deixou abatida e atrasada frente a uma luta que era individual que eu teria de encarar. Eu demorei para adquirir consciência de que as teorias não contribuíam para a vida como eu queria: digna, íntegra, emancipada. Fui a luta, dentro das regras do jogo.

Depois de conquistar essa base por meio do trabalho, voltei à escola. Na ECA/USP tive acesso a conceitos de interdependência, sistemas, participação. No começo deste ano, fui aluna novamente na ESPM e avancei no autodidatismo, para entender um pouco mais sobre redes sociais que se revelou em uma forma de rever muitos conceitos, mas pela perspectiva da Sociologia Urbana. Viver em sociedade é um exercício permanente de integração. Estar em rede, é um outro exercício de consciência das oportunidades e riscos compartilhados da visibilidade e da amplificação das ideias, da cidadania real e virtual. 

Como humanos, todos sabemos, temos que superar essa coisa da luta por um posicionamento mais evoluído, equilibrado.  Trabalhar com Previdência Complementar me fez entender que tem mais valor a conciliação de interesses ao conflito, que provoca perdas de todas as naturezas.

É por todos esses motivos de uma história pessoal politicamente limitada que me parece um tanto estapafúrdia essa ideia de politização obrigatória dos trabalhadores via Educação. A liberdade, até onde eu sei, sempre foi a bandeira do maior educador que este país já teve: Paulo Freire. A governança de qualidade é o diferencial competitivo reconhecido por instituições como OCDE e OIT como principal fator de criação de valor na cadeia de gestão de grupos de quaisquer tamanhos. E os trabalhadores conectados do século 21 - melhor do que todos nós - são filhos da democracia e sabem disso.



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