segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

ASAS: O PENSAMENTO PRECISA DELAS PARA VOAR

Compartilhamentos são possibilidades de extensão ao infinito. Porque os indivíduos são limitados. Na PESSOA há incontáveis restrições: tempo, espaço, energia, fôlego. Mas alguns recursos permitem alguns excessos. 

O livro é o primeiro recurso. Na infância, eu me encantava com o enredo das histórias, os personagens. Quando amadureci um pouco mais como leitora, passei a admirar também a capacidade de compartilhamento dos autores. Eles estudam anos e registram e analisam e sintetizam. Os mais radicais até mesmo concluem pensamentos. Os menos, mantém a porta aberta às possibilidades.


Terminei na manhã de domingo a leitura de A escola e os desafios contemporâneos, de Viviane Mosé. Livro excepcional que me fez entender a diferença entre escola e educação, que tem na escola um alicerce, mas está muito além dele. Porque, para pensar em inovação, você tem que libertar a percepção condicionada pela estrutura de instituição que está em todos os lugares: hierarquizada para produzir cidadãos em série. É um soco no estômago. A leitura incomoda. Mas ensina outras formas de pensar. Vale para as escolas. Vale mais para a vida, para quem já não está na escola, mas sente que Educação é para sempre.

Como não achei suficiente ler Viviane Mosé, sigo a fanpage da autora pelas redes sociais, porque lá ela compartilha vídeos que mostram as ideias e reflexões registradas no livro colocadas na prática por inovadores, por inspirados, por transformadores. Eu já publiquei aqui o vídeo da Escola Maria Peregrina. Hoje é a vez do Projeto Âncora. O que mais me chamou a atenção neste trabalho é a troca intergeracional, sobre a qual eu já escrevi aqui. Essa é a primeira quebra paradigmática que me chamou à atenção, pela evidência e reiteração. Os adultos neste Projeto são mais velhos, mas interagem com naturalidade com as crianças.

Dos muitos condicionamentos naturalizados, a exclusão é a mais triste. Eu mesma aprendi a gostar de histórias com os meus avós. Era um processo de mergulho no imaginário sobre o qual eu já escrevi aqui. Depois, conforme fui me instrumentalizando - com a alfabetização - passei a ganhar autonomia e companhia de outros adultos: meus pais, que acompanhavam a minha evolução na escola, os professores.

Compartilhamento é amor

Na noite de domingo, encontrei na minha timeline um vídeo. É longo, mas vale todo o investimento de tempo. Trata-se de uma reflexão do professor Clóvis de Barros Filho (ECA/USP), que filosofa sobre liberdade e amor nas empresas. Ele dá sequência ao pensamento sobre a instituição-escola no espaço instituição-empresa. "Viver é um pouco mais complexo (...) do que as fórmulas de qualidade de vida, comer linhaça, correr na praia, ou seguir as dicas de qualquer pessoa que queira zombar de sua inteligência, diminuir a tua liberdade e a tua soberania para encontrar por você mesmo, com a tua inteligência, o melhor caminho".


Se você assistir à palestra inteira, viu que ele explica a relação entre compartilhamento e amor. E isso me faz pensar que amor é uma experiência que depende da percepção. Porque eu me sinto muito amada depois de lutar com um livro, perseguir o pensamento do autor em um vídeo. 

Aquele compartilhamento pode até me incomodar, como me incomodou pensar em um mundo da não-escola que eu não conheço ainda, mas as gerações futuras conhecerão. Eu me sinto incomodada por pensar em não-empresas porque, por enquanto, mesmo sendo profissional liberal, eu repito rotinas de quando trabalhava como empregada. Eu ainda não ampliei meus sonhos, como percebi com o incômodo da leitura de Silvio Meira.

Mas eu nunca saio de um processo desses sem me transformar. "O futuro vem do futuro", mantra de Sílvio Meira. Se eu não conheço, se ainda não existe, é só uma questão de tempo que, como sabemos, é cada vez mais agora. E sim! Eu quero estar atenta e forte para viver essas novas propostas de ser.

Curtiu? Então, compartilhe! Lembre-se: seu clique faz a rede crescer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário