sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

OPERATOR E OS DOWNLOADS FANTÁSTICOS DE MATRIX

The Matrix (clique aqui) é um filme lançado em 1999 virou cult por diferentes motivos, inclusive sucesso de bilheteria, mas principalmente pela linguagem metafórica, cheia de referências literárias, e alegórica. 


Cypher: intérprete da Matrix e traidor
Eu fiquei impressionada com alguns elementos: cascata digital, decifrável apenas para quem fosse capaz de dominar o código binário. Na época, eu já tinha escolhido o tema do meu mestrado: indicadores quantitativos. Então, para mim, essa cascata simbolizava uma especialização sofisticada de leitura, interpretação e precisão da expressão.

Ali, na interface homem/máquina, era possível localizar brechas, oportunidades, vulnerabilidades de um sistema altamente centralizador e dominante. O leitor do futuro! Cypher foi o primeiro personagem coadjuvante que me sensibilizou nesta história. Curioso é que ele é o que sucumbe à tentação das sensações ilusórias do software e trai o grupo.
Tank: o cara dos downloads

O segundo personagem secundário mais interessante da saga é o Tank. Mais do que leitor, ele atua como um consultor para downloads. O papel dele é - por meio de downloads supereficientes - capacitar o protagonista Neo a realizar sua missão. Tank é o mega bibliotecário super-hightech do futuro.

Muito provavelmente esses dois personagens coadjuvantes e auxiliares do herói eram nada atraentes e associados ao processo doloroso e pouco estético que representava a conexão de Neo com as informações compartilhadas. Você se lembra? Um um cabo tosco, com uma agulha gigante conectado à cabeça do protagonista? O plugue mais parecia uma tampinha de garrafa misturada com uma rolimã. Medonho! Mas uma alusão forte à associação conhecimento & dor! 


Neo: o implante do plugue de conexão
Desde que vi Matrix, sempre sonhei com a parte dos downloads... obvio que sem a parte da dor física. Gosto mais da ideia de implantação de chip do professor Miguel Nicolelis. Importante lembrar também que o download por si só não habilitava o herói. Ele tinha que superar o medo para adquirir os benefícios do conhecimento! Hááááááááá! É a predisposição para aprender e só aprende quem realmente quer. 

Portanto, subliminarmente, em 1999 - no auge do individualismo capitalista real - a alusão a processos de cocriação para a solução de problemas já se manifestava. O filme registra essa demanda. Matrix é o tema deste post porque comecei 2014 colaborando com uma reflexão do professor Nivaldo Cândido de Oliveira Júnior, da SUPORTE Consultoria e Treinamento, sobre o futuro do mercado de trabalho e formação universitária. Depois, porque estou lendo Viviane Mosé, no livro A escola e os desafios contemporâneos

Pensar e falar

Para mim, os maiores desafios de todos os tempos ainda são pensar e expressar. Pensar porque o pensamento - especialmente no Brasil - está muito condicionado pela aceitação passiva do conhecimento. Pensar é questionar, é submeter o conhecimento - que é conceitual - à materialização: prova de sua aplicabilidade, de sua competência - ainda que potencial - para a transformação. 

Hoje um fato que me impressiona muito é a criatividade com as impressoras 3D.  Estruturas concebíveis apenas em ambiente virtual, devidamente matematizadas, ganham materialidade no mundo real. É o que mostra o vídeo da Mechaneu v1, uma escultura cinética com 64 engrenagens interdependentes: quando uma é acionada, todas giram. Ela foi produzida em uma única operação, com cada engrenagem em sua posição definitiva. Para isso, foi necessário desenvolver um software autoral, com um milhão de polígonos. Conhecimento complexo em ação!


Antes da escola, as PESSOAS estão preparadas para essa nova realidade e esse novo pensamento 3D? As PESSOAS estão preparadas para a complexidade? As PESSOAS estão preparadas para assumir um posicionamento questionador diante desses fatos? O que esta escultura cinética representa? Para mim, é uma metáfora simplificada do pensamento articulado, complexo, integrado, interdependente, que transforma dado e informação em conhecimento e expressão, uma vez que a expressão é a materialidade primeira do pensamento.

Pensar 3D vai muito além dos conceitos matemáticos. É um chamado para a cidadania sustentável. Que estruturas globais podem ser implementadas e que nos leve como espécie para uma base de futuro sólida? Se os robôs vão assumir muitas das funções humanas, qual será o papel do ser humano no futuro? Os robôs nos substituirão nos trabalhos insalubres como a limpeza urbana, coleta, reciclagem, tratamento e a destinação adequada do lixo que produzimos? Os robôs limparão os rios que estão poluídos? Tratarão as águas para torná-las potáveis? 

As perguntas importam mais do que as respostas e o futuro vem do futuro, como ensinou tão lindamente o professor Silvio Meira no livro Novos negócios inovadores de crescimento empreendedor no Brasil. Temos que nos habituar com a reflexão colaborativa. Com as redes sociais, com as informações online, o processo é bem menos dolorido. Mas exige que se saia da zona de conforto da aceitação da solução acabada. As PESSOAS e a realidade estão em modo beta. O futuro exige essa predisposição. Quanto às respostas, não há o que se preocupar. Diz a lenda que elas estão escondidas nas entrelinhas das perguntas.

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