terça-feira, 22 de abril de 2014

AS MUDANÇAS QUE MOVEM O MUNDO

O mundo em modo beta para sempre é mais do que um conceito formulado pelo professor Sílvio Meira. O mundo em modo beta para sempre é a realidade que coloca conceitos, categorizações, a percepção de mundo estável em xeque para dar lugar ao mundo líquido, do sociólogo polonês Zygmunt BaumanÉ um descondicionamento do viver, um ver com olhos livres antes de entender com base em modelos já experimentados.

Hoje algumas notícias chamaram demais a minha atenção. A primeira, uma matéria da TV Globo sobre pesquisa do Data Popular: 1/5 dos consumidores brasileiros têm mais de 60 anos de idade (clique aqui). Viagens e E-d-u-c-a-ç-ã-o são os objetos do desejo para esse segmento da sociedade cada vez maior, cada vez mais autônomo, cada vez mais independente.

Fico feliz, porque há algum tempo eu tenho insistido, com base em dados (ainda poucos), com base em interpretações: a terceira idade está substituindo a proteção e o assistencialismo pelo protagonismo e pela cidadania. Esse paradigma é totalmente diferente daquele que valia pelo menos até o início do século 21. De 2005 para cá, a história é outra. Fico feliz, porque o imaginário sobre a maturidade também mudou. Da fragilidade para a representação estatística na Economia.

E se o consumo já não é mais bem de consumo - casa, carro, roupa - mas bem simbólico, então haverá um deslocamento no eixo que movimenta o mercado. Quando a Educação Previdenciária estiver realmente consolidada no Brasil, os Planos de Contribuição Definida terão que ter uma extensão, similar àquela garantia estendida que a gente compra para bem de consumo. Afinal, é evidente que os 15 ou 20 anos de benefício programado não serão suficientes para fazer frente à longevidade e ao consumo da maioridade.

Os filhos da Classe C no Brasil

Também é do Data Popular a pesquisa que trata de outro segmento importante na Economia Brasileira. Fala de 55% da população com idade entre 18 e 30 anos, que ganha até R$ 1.200 por mês e tem um poder incalculável como influenciador e formador de opinião. A Classe C conectada e integrada às redes sociais (clique aqui). É o bônus demográfico do Brasil que deve durar por mais 35 anos. Depois disso, inverte a pirâmide e a população entre 45 e 65 anos passa a ser maior.

Na semana passada, em São Paulo, durante o Encontro Regional Sudoeste da ABRAPP, na apresentação de Jaime Mariz de Faria Júnior, da Secretaria de Políticas de Previdência Complementar, apresentou a configuração da pirâmide etária da população brasileira projetada pelo IBGE.


A pergunta é: como será a cobertura previdenciária para essa população que vai migrar da base para o topo da escala etária? A pergunta é: como o Brasil vai atuar para aproveitar o bônus demográfico enquanto ele durar?

Essas perguntas valem para o Brasil, valem para os países emergentes, como Angola, valem para os demais países do mundo. Há pouco tempo eu apresentei aqui um infográfico que mostra o avanço da longevidade principalmente em países da Europa. Há lugares onde a expectativa de vida ao nascer hoje ultrapassa os 83 anos. 

Os mais ricos que trabalham

Um post do The Economist também mostra uma nova característica do século 21. Os ricos já trabalham mais do que os pobres (clique aqui). A aristocracia que, no passado, ignorava o trabalho acabou. A concentração do dinheiro e a desigualdade têm feito mais pessoas trabalharem mais, competirem mais para conquistar condições adequadas de vida e consumo. 

Pelas pesquisas, no início da década de 1980, um profissional que trabalhava 55 horas por semana ganhava 11% a mais do que outro na mesma ocupação que trabalhasse 40 horas. Na virada do milênio, a diferença já era de 25%.

Os nichos ganham evidência na rede

As pesquisas e estudos mostram aspectos da realidade, mas não a esgotam. É ingenuidade generalizar e criar uma estratégia única de abordagem, uma resposta para tantas possibilidades. Além disso, o que vale para uma localidade nem sempre é aplicável às demais.

Talvez, o mundo em modo beta, o mundo líquido esteja nos dizendo que a ideia de hegemonia do modelo ocidental de mundo está perdendo a centralidade e passa atuar em paralelo à ideia da heterogeneidade, da fragmentação, dos nichos, do mundo da cauda longa, característica própria do mundo em rede.  O racionalismo simplificador da realidade terá de dividir espaço com a complexidade, com a ausência de respostas prontas, com o futuro por construir. E não é que isso é uma grande proposta de aventura?

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