quinta-feira, 25 de junho de 2015

PROTAGONISMO: A GENTE DIZ ADEUS À ZONA DE CONFORTO


Tenho presenciado - em diferentes circunstâncias - um chamado muito claro que eu defendo integralmente: o chamado para o protagonismo. Tanto na vida pessoal quanto profissional, protagonismo é uma decisão de risco, envolve exposição, responsabilidade, domínio técnico, saber entrar em ação, saber deixar o palco. Protagonismo, no limite, se transforma meio que naturalmente em liderança

Protagonismo sem domínio técnico e capacidade para a ação é retórica. Fica sem fundamentação. Pode fazer barulho por algum tempo mas, em geral, se esvazia e perde a credibilidade. Daí a importância de estar habilitado a utilizar a instrumentação necessária como sustentação da decisão de protagonizar qualquer situação que seja.

Protagonismo exige posicionamento e clareza na defesa de ideias. Bons exemplos não faltam. Então vou retomar aqui uma leitura transformadora, especialmente para quem trabalha com Previdência Complementar. Trata-se do livro Previdência Social na Sociedade de Risco - o desafio da solidariedade com sustentabilidade, de Sílvio Renato Rangel Silveira.    

Nesta obra, o autor reconhece no movimento ambientalista um protagonismo legítimo que naturalmente se expandiu e ganhou dimensão junto à sociedade, especialmente a partir do século 20. Isso aconteceu porque a identificação dos riscos de diferentes origens provocados ao meio ambiente significa uma perda inquestionável de qualidade de vida para as gerações futuras. É o passivo de nosso estilo de vida presente. Todos são responsáveis por um sistema econômico predatório e insustentável.

O paralelo que Sílvio Renato Rangel Silveira traça em relação à Previdência Social é genial. Com os atuais modelos com tempo de contribuição menor do que o tempo de fruição do benefício de aposentadoria, o aumento da expectativa de vida e o encolhimento do mercado de trabalho, o passivo não fecha. Aqui também somos responsáveis por um sistema previdenciário predatório e insustentável.

O que há de diferente entre meio ambiente e previdência social? Bom, o meio ambiente tem protagonistas que reverberam, defende, repercutem, compartilham dilemas de quaisquer dimensões em níveis local e global! A Previdência ainda está formando seu time, mas já tem alguns craques.

Negociação e pressão são inerentes ao protagonismo

Protagonismo demanda abandono decisivo da zona de conforto. Nem sempre se acerta o calibre da mensagem que se vai produzir, mas essa sintonia fina se constitui com tempo e treino. O importante é monitorar, identificar e aproveitar as oportunidades. E isso é um trabalho incansável!

Ah! Eu usei intencionalmente a palavra TRABALHO, porque muita gente não tem consciência que o protagonismo soma para alguma causa. Portanto, de forma mais imediata, é trabalho. Depois, pode se transformar em missão, amor, vocação. Mas aí, já superou aquele esforço inicial e se naturalizou.
"Quem se candidata a ser tutor do futuro?", provoca Sílvio Renato Rangel Silveira. "O direito previdenciário carece [...]  de tutores comprometidos com o futuro, que possam auxiliar para que o pacto intergeracional seja mantido.
Quem são esses tutores? Os operadores da Previdência que se dispuserem a assumir seu protagonismo ético nas diferentes áreas de atuação: Direito, Atuária, Contabilidade, Recursos Humanos, Comunicação, Relacionamento, Investimentos, Controles Internos.
"Por falta de visão, por falta de planejamento ou por falta de otimismo, o fato é que tal modelo [previdenciário] partiu de uma premissa equivocada, gerou resultados altamente positivos para as primeiras gerações e gerará resultados altamente negativos para as próximas. Os pais desse sistema, reverenciados como idealizadores de um modelo de justiça social, parecem menos justos e menos heróis à luz de uma rigorosa análise de técnica previdenciária. Podem ter sido bem-intencionados e ousados, podem ter gerado bons resultados no curto e médio prazos, mas deixaram uma herança difícil de ser administrada sem rupturas institucionais". Sílvio Renato Rangel Silveira
Além de abandonar a zona de conforto, todos têm que estar preparados para aprender ou praticar intensamente a negociação de sentidos e atuar sob pressão. Essas são condições estruturais, inerentes à Previdência.

O protagonismo pode e deve ser incentivado. O protagonismo pode e deve ser alternado. A exemplo do que acontece nas jornadas migratórias dos gansos. Até o mais preparado se cansa. Então ele troca de lugar com aquele que ainda tem reserva de energia.

Para encerrar, eu poderia colocar aqui muitos vídeos com os quais andei colaborando na produção. Mas, escolhi um, que fala muito dessa atitude de superar o confortável de fazer o esperado, para criar condições de fazer o inesperado. Isso, só quem é protagonista faz!


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Um comentário:

  1. Excelente; Essa palestra deveria ser AMPLIADA para outros (e tantos) segmentos do país. Tipo... Brasília.Nivaldo.

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