segunda-feira, 3 de outubro de 2016

DEMOGRAFIA: QUAL É O VALOR DESSES DADOS PARA OS RESULTADOS?

que eu queria mesmo saber: qual foi a idade média dos eleitores em 2016? Minha desconfiança era que os Millennials (18 a 35 anos) tinham sido decisivos para os resultados nas urnas. No site do TSE tem uma planilha para download que não totaliza, mas dá para ter uma estimativa. Pelas minhas contas, 53.740.000. Para minha surpresa, há um grupo maior, as mulheres, que são 53% dos eleitores em todo o Brasil: mais de 76 milhões

Só para constar, desde a Copa no Brasil, em 2014, suspeito que a política não está considerando as mudanças demográficas do eleitorado. Pode ser ingenuidade e mesmo limitação minhas em relação  a um território tão polêmico e disputado. Mas, p
ara mim, o equívoco começou com a redução do eleitorado a time de futebol: coxinhas e mortadelas. Para mim, esse simplismo anacrônico é míope para evidências.

Os Millennials, desde 2012, passaram por muitas experiências relevantes de mobilização social: Tarifa Zero, disputa presidencial, impeachment, Lava Jato, desemprego, recessão econômica, governo de transição. E ainda vem bala por aí: Reforma Fiscal, Reforma Trabalhista, Reforma Previdenciária. Tudo junto, misturado e ao mesmo tempo. 
Tem mais: os Millennials cresceram em um modelo diferente de Estado: o democrático. Tiveram outro modelo de escola e família. Para os que estão no mercado de trabalho formal com ambiente extremamente competitivo: exigência de perfil e desempenho profissional baseado em resultados e efetividade diferentes daqueles exigidos das gerações anteriores.


Os Millennials têm preferências incomuns, entre elas Clóvis de Barros Filhos (filósofo), Mário Sérgio Cortella (filósofo) e Leandro Karnal (historiador). Olé! Mas há legiões que seguem também Youtubers e celebridades.

Os Millennials fazem meme para tudo! Inclusive para o que eles mesmos curtem. É claro que as explicações comportamentais, sociológicas e demográficas devem ser muito mais profundas do que as minhas especulações neste post. Entretanto, acho que há uma explicação mais profunda para o resultado das eleições municipais no Brasil (inclusive para avaliar o resultado do Eduardo Suplicy como vereador mais votado em todo o país). Parece incoerência. Mas acho que é mais uma evidência de que a coerência é apartidária.

Além dos Millennials, eu deveria apresentar aqui alguma reflexão sobre as mulheres, mais do que a evidência quantitativa. Só que ainda não sei superar em argumento o 
aumento do protagonismo das mulheres - que nem precisa de pesquisa especializada. É só observar o movimento e as notícias locais e internacionais nas redes sociais. Mas as mulheres ainda não são maioria no mercado formal de trabalho. Também ganham menos... Sei que têm grande poder de decisão no orçamento familiar, por isso, têm mais acesso a créditos imobiliários, por exemplo. Talvez, entre as mulheres, haja uma percepção diferenciada sobre o que seja compromisso de longo prazo.

Por isso tudo, acho que é hora de colocar mais lupa nesses grupos. Trabalhar melhor com BI, geolocalização, estatística e demografia para entender melhor a participação e as decisões de cada um na política, na economia, na cidadania. Interpretar melhor as mudanças deve dar alguma vantagem na transformação da linguagem, do discurso, do relacionamento nos rumos e na história do futuro do Brasil.


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