segunda-feira, 5 de setembro de 2016

ENFIM, ATENÇÃO E INFORMAÇÃO!

Se a Reforma da Previdência em curso resolverá parte do déficit público e será um sistema que proteja os idosos sem punir os mais jovens, isso ainda não dá para saber. Mas uma coisa é certa! A pauta está ganhando várias abordagens interessantes e isso, pela perspectiva da Comunicação e Educação Previdenciária, além de inédito, pode ajudar a diminuir a distância, desconhecimento, resistência e indiferença da sociedade em relação ao planejamento do futuro.

No Brasil, jovem tem medo do futuro

Publicada pelo OESP, a matéria A geração que sabe o que vai mudar na Previdência, mas não quer pensar nisso mostra algumas pesquisas, realizadas por diferentes instituições, que apontam para falha de Comunicação com as gerações mais jovens. Apesar disso, segundo a FenaPrevi e o Instituto Ipsos, "62% dos jovens entre 23 e 34 anos já ouviram falar a respeito de mudanças que o atual governo pretende fazer nas regras da Previdência, número superior à média geral (54%) e de grupos mais próximos de se aposentar, como a faixa de 50 a 59 anos (46%)".

Mesmo sabendo, o jovem ainda não quer parar para pensar em respostas ao planejamento de longo prazo. Mas não é sem motivo. No Brasil, historicamente, não há um ambiente estável o suficiente e incentivo para que o comportamento seja diferente do consumo e do imediatismo. Não há cultura de poupança de longo prazo. Em razão da crise econômica, em 2015 e 2016 o Banco Central registrou as maiores evasões de recursos financeiros das cadernetas de poupança em toda sua história. 

Em países como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Japão e Holanda, dos jovens nascidos a partir de 1980 até a virada do século, 77% querem saber como será sua aposentadoria. No Brasil, esse número é de 48%. Por não saber lidar com a verdade, por medo do futuro, o jovem brasileiro prefere não saber como será o futuro financeiro na terceira idade.


Gráfico publicado na matéria Previdência: Governo vai propor alterar regras para trabalhador na ativa

Sim, quando queremos, nós fazemos acontecer!

A segunda matéria que quero destacar aqui foi As quatro lições das Olimpíadas para a previdência brasileira, publicada pela Mercer Gama. A análise mostra que é possível mudar uma realidade, quando os interesses convergem. É possível fazer uma Comunicação de qualidade, de respeito que mobilize o interesse coletivo. É possível encontrar soluções locais, dialogando com modelos globais.
A Reforma da Previdência Social será uma janela de oportunidade? Ainda não sabemos. Mas sabemos que podemos fazer história! Essa é uma oportunidade real para o protagonismo. Isso é fato!
Portanto, quanto mais as análises, os comparativos, os pareceres, as interpretações produzirem eco, melhor será o ambiente para que os jovens - já sensibilizados pela mudança em curso - vençam o medo do futuro, da terceira idade, do  desamparo social, da exclusão, do preconceito.  Tudo isso não é fantasma! É realidade que pode ser transformada com coragem, responsabilidade, consciência, envolvimento, com protagonismo.
No passado, nós não tínhamos o nível de orientação que hoje a Educação Financeira e Previdenciária nos oferece. Hoje, temos o trabalho muito competente de profissionais como Gustavo Cerbasi, Mara Luquet, Samy Dana, Conrado Navarro, André Massaro, Denise Campos de Toledo e tantos outros nomes envolvidos com a superação desse desconhecimento pela sociedade, porque interagem diariamente com o público pelo rádio, pela televisão, pelas redes sociais, em palestras, em salas de aula.
O que eles fazem ainda não é suficiente. Mas é muito mais expressão, envolvimento, movimento do que eu conhecia quando entrei no mercado de trabalho.

FGTS para subsidiar a Previdência Complementar

Por enquanto, a notícia publicada pela Época Negócios - Governo Temer quer mudar regras do FGTS -  me parece ser uma das poucas a tratar de uma política pública de incentivo à poupança de longo prazo. Há controvérsias sobre a utilização do FGTS. Mas, ao menos, o texto aponta para uma conexão entre reforma e poupança de longo prazo. 
Ainda que as soluções para a poupança de longo prazo não estejam claramente delineadas, ao menos elas estão em discussão e a mídia está registrando os movimentos.
Aqui, acho melhor recorrer à literatura, para sustentar essa mudança. O livro O mito do governo grátis, de Paulo Rabello de Castro, trata do tema:
"O fato é que uma parcela significativa da poupança do trabalhador é arrecadada pelo INSS e pelo FGTS. São recolhimentos compulsórios. Mais de 20% da renda mensal do trabalhador brasileiro é desviada para a formação de uma 'poupança' compulsória, - poupança entre aspas, porque a arrecadação previdenciária é convertida em consumo pelos aposentados atuais, em função do regime em vigor, de participação simples da receita do INSS. No caso do FGTS, o fundo até existe, porém sem a participação decisória dos trabalhadores na direção da aplicação dos recursos.[...] No futuro processo de acumulação de capital pela população, o governo deixará de carregar passivos previdenciários que não tenham lastro em ativos. Esta é a proposta em síntese. Só um governo grátis deixa de formar reservas para honrar seus futuros compromissos. É, infelizmente, o caso do Brasil atual (2014). O governo terá que renegociar sua presença ineficiente como gestor nos recursos de seguridade social da população. Em seguida, o governo terá que lastrear passo a passo, os direitos previdenciários preexistentes, com ações e direitos reais, hoje em poder do Estado, a serem incorporados à riqueza coletiva da sociedade [...]. O governo diminuirá, então, sua exposição futura a novas obrigações sem lastro, usando ativos existentes em seu balanço patrimonial para reduzir o passivo previdenciário a descoberto no futuro". [p.440 e 441]
Previdência está longe de ser um tema trivial. Mas - devidamente gerido - é um instrumento de geração de alto impacto social (para o bem e para o mal). Por isso, exige empenho de todos. De quem tem medo. De quem sabe. De quem trabalha com no Sistema. De quem quer um futuro melhor. Tudo pode somar para que esse seja realmente um processo de evolução daquilo que conhecemos. Daquilo que sabemos que não pode mais ser como é.
O futuro: ninguém sabe como será, mas nós temos planos, muitos planos para que ele seja melhor! Para encerrar, Paulo Rabello de Castro à TV ABRAPP. O vídeo é de 2014.




Nenhum comentário:

Postar um comentário